Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, outubro 14, 2002

Isso chegou por e-mail através de uma lista de discussão que participo e foi enviado por um camarado do Rio Grande do Sul.

Indio surpreende chefes na reunião de cúpula (Jornal do Comércio -Recife/PE - 21/05/2002)

A conferência dos chefes de estado da União Européia, Mercosul e Caribe,encerrada no fim de semana passado, em Madri, viveu dois momentos surpreendentes. O primeiro por causa da desatenção dos presidentes do México, Vicent Fox, e do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. No intervalo
de uma sessão os dois conversaram com franqueza e desancaram os EUA que, segundo FHC "fala muito e faz pouco". Não sabiam que os microfones de uma estação de TV estavam ligados, e assim,a panhados no contra-pé, admitiram a gafe.

Mas surpresa mesmo tiveram os chefes de Estado europeus, que ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc, cacique de uma nação indígena da América Central. Eis o discurso:

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento, com juros,
de uma dívida contraída por um Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu me explica que toda divida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no Arquivo das Índias que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de quilos de prata provenientes da América. Terá sido isso um saque?

Não acredito porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao Sétimo Mandamento! Teria sido espoliação?

Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão. Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que a firma que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos retirados das Américas!

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de outros empréstimo amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALLTESUMA"", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho
diário e outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, poderemos perguntar:
-Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses fundos? Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis,em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem um outro destino a não ser terminar ocupados pelas tropas estrangeira da OTAN, como no Panamá, mas sem Canal.

No aspecto financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto independerem das rendas liquidas, as matérias primas e a energia barata que lhes exporta e prove todo o Terceiro Mundo. Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, e nos obriga a reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosa temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmão europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro fixo de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos,
com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total seriam precisos mais
de 300 cifras, e, que supera amplamente o peso total do planeta Terra."Muito peso em ouro e prata...quanto pesariam calculadas em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para pagar esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demênciai rracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam, índios americanos. Porém exigimos a assinatura de uma carta de intenções que discipline aos povos devedores do Velho Continentes e que os obrigue a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permita
entregar duas terras, como primeira prestação da divida histórica... ".

Quando terminou seu discurso diante dos Chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Cuatemoc, nem sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Divida Externa.

Agora só resta que algum Governo Latino Americano tenha a dignidade suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais.