Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, julho 29, 2002

Volta ao Rio

Esse está sendo um ano de grandes mudanças... Comecei o ano namorando uma menina muito legal, mas com quem não rolava um acerto... Após idas e vindas, estamos separados, mas acho que isso foi melhor pra todo mundo, digo, eu e ela.

Fui morar em Pernambuco após o carnaval e voltei a morar no Rio, digo, em Bangu após o São João. A vida recomeça. Completei uma semana no Rio hoje. Ainda não tenho celular, não consegui resolver isso. Quem diria, há dois anos eu era contrário, resisitia a esse aparelinho pentelho que grita quando a gente menos espera... e hoje estou louco pra viabilizar um número pra mim.

Já até tentei, mas não aceitaram. Levei como comprovante de residência a conta da TIM, mas neguinho da Telefônica não aceitou pq era TIM Nordeste. Peraí, tá com meu endereço do Rio e não valei pq é uma empresa do Nordeste?! Fala sério.
Eu sou preto, eu sou pobre e sou suburbano. Nascido na Praça da Cruz Vermelha (que já digo que é Lapa com boa vontade) criado em Bangu, formado em jornalismo pela Uerj, no Maracanã, torcedor do Flamengo e do América, figurinha fácil na quadra da Mocidade Indepente de Padre Miguel, ali na Vila Vintém nos ensaios da escola. Sou família, adoro o meu tapete, que fica jogado no meio do meu quarto, reclamo da distância de Bangu para os cantos do mundo, mas sempre vou e volto (mesmo que isso leve horas, dias ou meses). Vivo feliz, não planejo a vida, só a deixo acontecer. Embora tenha me tornado meio mala, meio turrão com o passar do tempo. O bonachão que a maioria dos amigos conheceu há alguns anos está divindo espaço com um cara invocado, que as vezes perde a paciência com facilidade. Esse sou eu, Vicente Magno, preto-pobre-suburbano, um dos 6 milhões de cabeças que moram nessa santa cidade que é o Rio.