Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, outubro 22, 2006

A van mais estranha que já tomei

Já fui cobrado em comentários, vou postar logo antes q me esqueça.

Dia desses, lá ia pro trabalho com o horário já apertado. Cheguei ao ponto torcendo pra passar um van em seguida e me levar logo pro Centro. Deu certo, passou uma com uma plaquinha escrita num papelão safado. Nem desconfiei da solução mambembe que o motorista tinha tomado para identificar para onde ia. Geralmente os motoristas têm adesivos amaraelos com o lugar escrito em preto. Bom, já era tarde.

Entrei na van e achei meio suspeita, poltronas rasgadas e um pouco mais altas que o normal. Tanto q viajei com a cabeça ligeiramente inclinada pro lado direito pra não ter q ficar encostanto no teto. O furgão em q eu estava era uma Besta, veículo já aposentado na principais linhas de van da cidade que utilizam veículos bem mais confortáveis.

Todos que entravam ficavam se olhando, talvez pensassem o mesmo q eu: "o q eu tô fazendo aqui? será que essa van vai chegar ao Centro?".

Eu continuava aflito ao observar as coisas. Tinha lixo no chão, o aspecto era péssimo. Entre a parte da frente, onde viaja o motorista e dois passageiros, e a parte de trás, onde vão os demais, uma visão assustadora. O carro teve um ar-condicionado um dia, o aparelho foi pra cucuia, mas a fiação tava lá. E parecia uma teia de aranha com fios coloridos.

Realmente devia estar faltando transporte naquela manhã pq ela encheu. Eu fiquei atônito diante de tanta tosqueria ambulante, sequer cogitei a possibilidade de descer. Queria ver até onde ia aquela coisa.

Fui prestar atenção no motorista. Um senhor, mas beeeeeeem senhor, com a barba por fazer e poucos dentes na boca. Aspecto de gente simples. Tive a impressão que ele tinha tirado o carro da garagem pra defender um qualquer, senti até um certo conforto por estar, de alguma forma, colaborando com ele.

Só q o senhorzinho, como motorista, faça-me o favor. Não sei se o voltante estava com folga, se os reflexos dele estavam meia bomba ou outra possibilidade bizarra que tive medo de imaginar.

No fim das contas cheguei ao Centro, e cheguei inteiro. Pior, cheguei mais rápido do q esperava.

Diante de toda a situaçao bizarra, da van estranha, antiga, caquética comecei a pensar que, sei lá, será que não tomei uma van fantasma?