Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, agosto 05, 2004

Exploração da pobreza no período eleitoral
O período eleitoral serve pra ver como tem político querendo continuar na bocada, como tem gente com grana e como essa gente com grana explora a miséria da população. Duvida? Então como existem trocentos cabos eleitorais usando camisetas e bandeiras por aí? Os tais cabos, chamados tb de militância paga, só sabem que os candidatos q defendem moram no bairro tal (ou ao menos têm casa por lá), têm o número tal e pronto. Poucos sabem da sua história política, do q fazem pra estar ali, sendo candidatos a um cargo eletivo ou mesmo, no caso de já terem ocupado cargo eletivo, o q fizeram. É de uma cegueira só.
Os cabos eleitorais entram no jogo invariavelmente por interesse pessoal, geralmente estão subempregados ou desempregados e topam a campanha pra tirar algum e, se o candidato for eleito, ambicionam seguir como um tipo de comensal do então vereador, deputado ou seja lá o q for. Mal ou bem, mesquinha ou não, é um tipo de esperança. Esperança fomentada pela miséria. Pobreza na forma de pensar e mesmo pra se manter e a própria família.
Enquanto isso, os candidatos com grana seguem explorando essa forma de pensar dessas pessoas simples e sua ambição desprovida de crítica. Os candidatos podem até dizer q estão sendo altruístas, como já vi. Não sei se pensam ou dizem só da boca pra fora, mas vem aquele papo de estar ‘dando uma oportunidade’ pro cabo eleitoral, ‘permitindo q ele faça algo de útil’ e tal. Útil pra quem?
Sei não, sei lá. Entristece ver gente correndo atrás pra eleger um sujeito q ele mal conhece só pq o candidato lhe dá uma graninha (q nem chega a um salário mínimo), umas camisas, uns adesivos e uma bandeira. Mal sabem os próprios cabos eleitorais q estão dando um tiro no pé, tão lutando pra eleger um cara q vai virar as costas pra ele, cagar andar pra sua família, bairro ou comunidade.
A cada vez q passou por alguém me dando um santinho na rua, q vejo um time de futebol com camisa de um candidato, cartaz anunciando uma festa ou churrasco bancado por um desses caras fico engasgado e me perguntando até quando isso vai durar? Os tais candidatos de grana querem se aproveitar e tem gente se oferecendo pra ser ‘aproveitada’.
Vou ver esse país mudar? Não sei se vou, mas meus filhos, meus netos, quem sabe? Acho q a realidade já foi pior. Tá ruim, mas ta melhorando. Tenho fé q um dia as pessoas não vão topar ser usadas dessa forma. Ter fé o q me resta, né.