Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, março 08, 2004

O coração suburbano saltitante

Ontem eu tinha planejado fazer um coisa, ir pra Enseada de Botafogo (que tem o visual q eu mais curto nessa cidade) ver aquele bando de didjeis botando música pras pessoas quicarem. Antes de sair de casa Minduím passou por lá pra tomarmos cerveja. Tomas três, um número ridículo pros nossos talentos boêmios e fígados treinados. Comecei a ter taquicardia de novo.

Irmão-Léo, q tb tava por perto, ficou assustado e otpou com Minduba de me levar pro hospital. Na boa, q mané hospital. Fui pra casa. Só q Irmão-Léo cagoetou-me e Dona Glória, ao lado de Seu Carlos, democraticamente, me levaram pro médico.

Mó galera curtindo o som na beira da praia, sob um lua ixpetáculo, e eu deitado fazendo eletrocardiograma...

Tá, tá bom. Fui irresponsável. Foi a oitava taquicardia desde a terça-feira de carnaval. Q culpa eu tenho se o coração fica frenético? Ah, fala sério. E se o médico disse q estou doente e nao posso mais ir pro samba? Ir pro forró? Tomar cerveja?

Td bem, por outro lado a voz da razão vem pela boca dos amigos. Ontem uma amiga gaúcha deu aquele puxão de orelha. Disse q se tenho uma parada estranha e fico travado, como eu ia lidar. Pois é, eu ia secar de falta de felicidade.

Agora, na boa, convença racionalmente um sujeito q nunca gostou de ir ao médico, que mal ou bem viveu saudável pra cima e pra baixo, dormindo pouco, comendo mal, procurando só ser feliz, q aos 27 anos ele tem q procurar um cardiologista... Pra mim isso é fim de carreira.

P q diabos esse coração tem q ficar saltitante demais? Q malice...

Bom, tô tomando vergonha na cara pra marcar a consulta. Seu Carlos, q é hipertenso de carteirinha (literalmente), disse pra ir no dele. Pô, ir no cardiologista do pai?