Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, setembro 07, 2003

Na hora da tosa

De 20 em 20 dias Vicente vai fazer a tosa, reca o cucuruto com máquina três. Na última experiência, chego eu ao barbeiro, salão ou seja lá q nome mereça, onde o companheiro q providencia o corte atendia outro indivíduo.

Fico na minha, sentado, meio disperço, limpando os óculos e meio assistindo televisão enquanto espero minha vez. Eis q surge a seguinte frase q chama minha atenção:

Sujeito: "Ó, já experimentei maconha, cocaína, mas isso não."

Peraí. Q parada é essa q o cara não experimentou? Já me perguntava.

Sujeito: "Pô, exame de toque não é comigo. Nem nada lá. Já teve uma menina que quis fazer fio-terra comigo, mas sei lá. Deixei ela."

Hehe. Cada papo q neguinho tem quando corta o cabelo... O pior é que é divertido. Nessa de abrir o verbo o cara mal sabe que já ta ficando fichado...

Mal sabe ele também que ao falar “pô, já to ficando velho. Quem diz q faz bonito em casa nessa idade ta mentindo”, está dando munição pro inimigo. Assim q ele saiu, o barbeiro falou “é mole? O cara vem falando isso e mal sabe que tem mó galera de olho na mulher dele”.

Me perguntou se eu a conhecia, mas não sei quem é. Mas ele explicou.

Barbeiro: Ah, não é possível. Todo mundo sabe quem é. Ela é dona da maior bunda dessa rua aí.

Pronto, fiquei até curioso, mas continuei sem saber. Certo é q falei pouco, muito pouco sentando ali. Eu, hein. Vai ver que to fichado tb.