Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, setembro 18, 2003



Essa é a prova do crime. Ontem, tarde de quarta-feira, tempo nublado no Rio. O q fazer? Correr pra Rua Bariri, onde fica o estádio do Olaria pra assisitir a estréia do América na Terceirona.

O horário do jogo: 15h. Só vagabundos, estudantes, profissionais liberais e similares poderiam assistir. Quem estava lá? Arthur, Daniel Hermanos e eu. Todos juntos, claro.

Eu com minha camisa XG do América, Arthur (de camisa emprestada) e o incasável retratista Daniel Hermanos, q por conta da sua barba matagal ainda foi qualificado de forma nao muito carinhosa por uma meia dúzia de torcedores do Olaria como Bin Laden. É, né, é forçoso, mas até cabe como o Bin Laden da Bariri.

Torcer pelo time de Campos Sales é muito divertido e curioso. Enquanto vc está na torcida do Flamengo, vc se sente em uma verdadeira nação. E equanto se está na torcida do América, estamos em uma família. Diria até uma confraria. É agradável. Mas a paixão é a mesma.

Fala q eu te escuto
A Rua Bariri é um lugar de folclore no futebol do Rio. É, ao lado de Conselheiro Galvão - do Madureira, um dos alçapões mais famosos do Estado. O campo é ruim, os times tb eram ruins, mas lá é possível algo q nao sao todos os estádio q permitem. Tu grita e o jogador escuta. Tu fica atrás do banco e dá esporro no técninco. Ele ouve. É sensacional.

Boa parte do jogo eu gritava para o número cinco do time do Olaria. "Cinco! Vou pegar a tua camisa! Tu tá marcado, não tem pra onde correr. Vou pegar a tua camisa!". O melhor? Eu ouviu claramente e mesmo nao olhando, sabia q era com ele.

Alfredo Sampaio, o incompetente técnico do América, tb teve q aturar. Primeiro pq estava de azul, cor do adversário. Lembro q eu tava gritando pra ele e o bichinho fez com a mao um gesto meio q pedindo pra esperar. Eles devem ficar louco em jogar lá.

Personagens
A Bariri, vulgo Estádio Mourão Filho, reúne tb personagens curiosos. Uma mulher absolutamente de vermelho, algo meio pomba-gira ou cigana Carmen torcia. Um sujeito igual ao Jorge Ben tb torcia. E a torcida do Olaria? Zoada pela americana por ser pequena! Eu juro. Eu vivi pa ver isso. A torcida do América chamando outra de menor. Tive a impressao de ter mais faixas (duas) q torcedores organizados.

Li numa faixa "Filé e Jovem". Li errado, era "Fiel e Jovem". Os integrantes da torcida? Dois tb. Fortalecidos por uma molecada q tinha saído da aula na Escola Municipal ao lado.

Constatação sinistra
O banheiro da Bariri é o pior q existe na história da humanidade. É como uma caverna e tem um futum de inutilizar qq nariz.

O jogo? O jogo foi horroroso. Arthur ainda deu uma esperança quando a gente chegou e viu os times no gramado. Ao ver o uniforem do América com grandes detalhes brancos na latera, o q me desanimou, ele mandou "Parece o uniforme do Arsenal". Pena q lembrava muito de longe.

Restulado: Olaria 2 x 0 América.

Ah, na boa. Eu vou continuar indo da mesma forma. Existe mais cinco jogos, logo, 15 pontos possíveis. SanguÊ.

Foto dos tres personagens na arquibancada da Bariri
Daniel Bin Laden, Arthur (q cara é essa, Arthur?!) e eu.


A fotos foram tiradas pelo Daniel e roubadas, após publicação, no blogue do Arthur. Eu, aba q sou, só peguei tudo pronto.