Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, agosto 24, 2003

Uma cena bem estranha

Esqueci de escrever o que vi quinta-feira na Lapa. Estávamos lá três Marianas, duas Lucianas, um Georgiana, um Arthur, um Michael Sullivan e um Vicente. Mas tb existiam, pelo menos 20 policiais militares armados e seis viaturas da PM. Até o comandante do batalhão responsável pela segurança da área deu as caras por lá, o batalhão é o 5º, da Praça Harmonia.

Em dado momento rolava mais papa mike do que não papa mikes no lugar. Mais policiais do que bebedores na Lapa?! É, eu vivi pra ver isso. E o sinistro foi que os caras pareciam estar preparados para um confronto com traficantes. Pô, o morro mais próximo que poderia permitir uma troca de tiros com eles ficava a uns dois quilômetros, por baixo. Eu só olhava pros lados e via gente sentada nos bares. Todos, ou quase a maioria, providos de suas respectivas garrafas de cerveja.

Eu acho que a polícia tem o direito de frequentar a Lapa, preferencialmente desarmada, mas acho que não é assim que a coisa tem q ser feita. Alguém disse que seria por conta de uma matéria publicada no domingo passado que falaria do tráfico de drogas no local. Tá, tá bom. Eu sei, tu sabes, ele sabe que rola o tal comércio de drogas ilícitas, mas é motivo pra botar tantos policiais ali??

Achava que seria melhor por os caras do serviço reservado em campo pra grampear quem eles quisessem, ia ser muito mais fácil e menos traumático. Mais útil até que 20 policiais com metralhadores e coletes a prova de bala circulando em meio a molecada.

Ou tb poderia ser uma forma meio grosseira de falar "hoje eu nao quero que ninguém venda nenhuma substância proibida nesse pedaço da cidade, tá bom?". Tá, né. Eu nao compro nad mesmo, mas a situaçao (com viaturas paradas na minha frente com luzes vermelhas nos tetos dos carros rodando insistentente) nao foi confortável. Me senti como se devesse algo a eles. E nao devo! Gostei nao.