Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, junho 17, 2003

Mijão com platéia

Nos idos de 96, eu acho, os então calouros da Comunicação da Uerj fizeram um churrasco de integração. Eu, na qualidade de abelhudo e veterano popular, fui convidado pra parada que rolaria no Alto da Boa Vista. Fui e fiquei impressionado com a casa da menina anfitriã, ela simplesmente tinha a Floresta da Tijuca no quintal, um absurdo de grande.

Existia uma casa, uma piscina e um lugar coberto onde rolava a festa em si com churrasqueira e tudo mais. Óbvio que uma casa desse tamanho tinha um cachorro com aparência sinistra, latido mostruoso e cara de que queria mastigar o primeiro que desse mole. Um clássico cão de guarda. Obviamente tb, o cão sinistrão estava preso.

Em um dado momento, após algumas cervejas, lá vou eu pro banheiro procurando abrir espaço na bexiga para que novas rodadas fossem consumidas. Tô lá, diante do vaso, num banheiro que não era grande, mas também não era um ovo de pequeno, preparando-me para o momento aliviador quando ouvi do lado de fora um grande barulho. O cachorro se soltou e fugiu. E aí?

Um bando de meninas, acho que umas sete, que estava do lado de fora esperando sua vez para ir ao banheiro invadiu o meu momento de paz e alívio. Ficaram espremidas junto a porta, só que lado de dentro. Gentilmente me dirigi a elas e comuniquei.

- Não vou segurar. Quem quiser olhe, vou mijar.

Elas disseram que não iam olhar e eu acreditei. Me virei para o amigo bocão, me preparei e... nada, nem pinguinho. Não consegui. É difícil mijar com platéia.

Enquanto isso, o cachorro continuava lá fora latindo horrores e elas lá dentro, espremidas.

Na qualidade de apertado, porém impedido de mijar, fiquei esperando que a cerveja já bebida saísse. Eis que uma delas, Talitaf, teve uma idéia genial. Pediu as meninas que fizessem barulho de cachoeira. E não é que elas fizeram! Todas num inspirador 'shhhhhhhhh'.

Antes de rir, me preocupei em mijar. Já aliviado, pude me divertir com o mijão mais ridículo já realizado por esse moleque que sou.