Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, abril 02, 2003

Guerra? No Rio? É ruim, hein

A classe média formadora de opinião começou uma campanha de convencimento querendo pôr na cabeça do carioca e de todos os demais que estamos vivendo uma guerra civil, antes o caô era de que vivemos em tempos de guerrilha. Só que não é por aí, o Rio vive uma crise de segurança pública sem comparativos, mas isso não é uma guerra.

Quem financia o lado do estado (as polícias civil e militar) são os próprios fundos públicos, mas quem financia o lado do tráfico de drogas é essa mesma classe média que compra seu 'branco' pra dar uns tecos, mas se sente vítima dos seus fornecedores. Os caras financiam a compra de armas e munição dos traficantes e dizem que é uma guerra contra eles mesmos? As vítimas financiam 'o outro lado'? Fala sério. O problema de Segurança Pública aqui é, antes de qq coisa, social. Não é só a repressão que vai dar jeito, mas a colaboração de todo cidadão comum.

Já houve aqueles que insistiam em dizer "vivemos uma guerrilha urbana". Que mané guerrilha urbana, o quê! Estaríamos numa guerra, ou guerrilha, se o povo do tráfico quisesse ocupar o Palácio Guanabara e começar a apitar de lá de dentro. Não é nada disso, os caras querem é vender o seu pozinho e a sua brenfa sem que o estado 'atrapalhe' o seu negócio.

Hoje em dia, tem gente que acha legal, antenado, ter 'conhecimento na parada errada pra ter contexto'. Se o negócio já é chamado de 'parada errada' não pode ser positivo, já começa por aí. O que só mostra que a hipocrisia dentro dessa mesma classe média é enorme e crescente.

Essa crítica não é feita procurando amenizar a situação de crise na cidade e arredores, mas não dá pra ficar aturando neguinho falando que vivemos algo que não é verdade. E com esse discurso, propagandeando a suposta guerra, que não bate com a realidade, só pode desviar o foco da verdadeira origem do problema.