Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, abril 30, 2008

Pra voltar à vida sem mestrado vou postar um “ser mané é” caprichado. Aconteceu há pouco tempo, estava com Paula, a respectiva, em terras baianas. Passávamos uns dias por lá, após termos invadido a casa dos queridos amigos Sheila e Iuri, e aproveitamos para visitar o Projeto Tamar.

Ela é estudante de Biologia e tem um barato curioso, gosta de interagir com a bicharada. Toca os bichos, levanta, olha em cima, olha em baixo, olha de lá, olha de cá, vê articulações, dobras, pernas, patas, nadadeiras, observar tudo o que pode e mais um pouco. Esse dia seria dedicado às tartarugas marinhas. Eu adoro tartarugas.

Chegamos ao Tamar, na Praia do Forte, e fomos andar pela área onde há explicações sobre as tartarugas marinhas, desova e tal... Começamos uma visita guiada, mas comecei a passar mal. Um forte enjôo – provavelmente causado pelo café da manhã tomado em um posto de gasolina pouco antes – deve ter sido o vilão da história.

A futura bióloga seguiu naquele playground enquanto eu, cada vez mais enjoado, me encolhia procurando fugir do sol e aproveitando uma sombra. Tentava respirar, me sentir melhor. Paula sumiu em meio a tanques cheios de animais marinhos enquanto eu torcia angustiado que ela retornasse o quanto antes.

Cada ventinho que batia no rosto era de um alívio difícil de explicar, eu seguia respirando, procurando me concentrar enquanto repetia mentalmente para mim mesmo que iria melhorar, que aquele incômodo passaria.

Foram-se alguns longos minutos e ela voltou. Voltou felicíssima em ter visto tanta coisa, em ter interagido com tantos animais e, como diz amiga Roberta, numa alegria indígena me segurou com as duas mão e disse em meio a um enorme sorriso: segurei as lesmas(-do-mar).

Era exatamente o que faltava, levantei num pulo e corri pro banheiro. Foi uma demorada vomitada em homenagem ao animalzinho que antes fizera a alegria de Paula, mas que acabava naquele momento com todo meu esforço em controlar o enjôo.

Após os bofes terem ido boiar numa privada do Tamar (e eu ter dada descarga), voltei pro banquinho onde ela me esperava aflita. Num momento de constrangimento ela ainda me explicou que a famigerada lesma é um animal limpíssimo, cuja textura da pele lembraria um bebê... Disse até que imaginou que seria bom ter uma pele como aquela. Pensei comigo mesmo: “ECA!”.

A manezada do Vicente ainda durou mais pouco. Querendo se mostrar safo, malandrão, cabeça aberta e gente boa, quis ir lá no tanque ver o simpático bichinho de corpo mole. Argh, só de lembrar me dá um leve enjôo. Do alto da pose de “vou mostrar como sou muito macho” sugeri que ela pegasse de novo o bicho para eu tirar um foto. Hahahahah. Vamos combinar que só fiquei no discurso, não segurei a onda e saí muito no sapatinho já tirando a proposta após ter visto o bicho molóide no tanque. Eu, hein...

Como prova de que sou um mané que não perde a esportiva, segue uma do perigoso animal que alegrou Paula e me fez dar a interminável vomitada.




OS: Não fui eu quem tirou a foto, só achei na internet e estou postando junto ao texto. Argh...