Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Papo suburbão

Hoje umas colegas conversavam que boa parte da equipe mora em Copa. As mulheres começaram a combinar de se encontrar pra caminhar no calçadão, titi, totó, tatá e por aí foram.

Chicão, Seu Paulo e eu, três suburbanos safados, começamos a vangloriar hábitos suburbanos. Eis que chegaram até o cemitério. Sem mortes, claro. Lembramos como aqueles espaços geralmente relacionados a momentos tristes, de perda de amigos e entes queridos, vira um tipo de sítio, de área de lazer pra uma galera menos abastada.

Como é um espaço sem postes altos com fios elétricos ou telefônicos a molecada se amarra em soltar pipa. Não é raro ver uma figurinha correndo sobre lápides pra cortar ou aparar a pipa alheia. Será que só a gente viu enterro com moleque puxando linha q tá no chão não ser pisada pelo cortejo fúnebre?

Soa desrespeitoso pra quem está no ritual, mas aquilo tb é um espaço de lazer pra eles. Não quero fazer juízo de valor, só tô preocupado com o registro da coisa.

As árvores frutíferas tb fazem sucesso. Vez por outra tem um sujeito mastigando uma goiaba, uma manga...
Mas nem tudo são flores, claro. Ao lado da "boa" vizinhança de brincadeiras estão os fura-olhos e suas malandrangens. Desde aqueles que roubam coroas de flores após os enterros (é só prestar atenção quanto tempo duram aquelas coroas caríssimas depois do funeral), passando pelos q roubam peças das tumbas até os que roubam até o conteúdo das tumbas pra venderam pra lugares que têm cursos de anatomia.

Obviamente que teve gente que ficou de cabelo em pé. Haha. E nós (Chicão de Irajá, Seu Paulo do Engenho de Dentro e Vicente de Bangu) nos divertimos.