Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Presidente Vargas e Rio Branco. Sempre a mesma esquina. Hora do almoço, hora de descer para comer. Fui cruzar a Presidente Vargas, justo na Praça Pio X, atrás da Igreja da Candelária. Lugar de um capcioso sinal de trânsito. Lugar também onde pedestres frenéticos e pouco educados atravessam correndo para economizar ridículos minutos.

Toda a vez que paro lá fico pensando justamente no tempo. Parece muita coisa ficar alguns segundos plantado diante da faixa de pedestres, mas como sempre via vários quase-atropelamentos sempre achei o melhor a ser feito.

Hoje, com sinal fechado para os pedestres, vi um atropelamento de fato. Um coroa apressado veio correndo olhando pra pista, provavelmente pra ver se chegava algum carro. E chegou. Em cheio nele. Sorte q não foi um carro ou ônibus. Foi uma moto.

O coroa viu a moto e parou no meio do caminho. Parece que ficou esperando o impacto. Deu pra ouvir o som seco dos ossos se chocando com o metal e um grito meio abafado vindo dele. O capacete vermelho que estava preso no bagageiro da moto se soltou, caiou no chão e foi rolando. A impressão de que tudo acontecia em câmera lenta.

Pior. Foi só acontecer o atropelamento e o sinal ficou verde para os pedestres. Já era tarde, tínhamos dois marmanjos jogados sobre a faixa de pedestres na principal avenida do Centro do Rio.

Quis correr pra socorrer. Mas dois caras chegaram na frente. Logo depois chegaram dois policiais. Vendo que nada podia fazer peguei o meu caminho, eu que não ia perder o meu tempo como os outros curiosos que ficam olhando, olhando, olhando como urubus.

Desde a hora em que o tio quis dar uma de malandro e se encontrou com a moto no meio da pista até a hora em q saiu carregado de lá se passaram algo em torno de 30 segundos.

Eu, que esperei, atravessei tranqüilamente, olhei pra ele pensando “mandou mal, hein. Lascou-se todo e melou a vida do motoqueiro que entrou de bobo (e moto) na história”.

Atravessei a rua. Fui ao restaurante, comi rapidamente e voltei. Passei no mesmo ponto. O coroa já tinha ido. Não sei se saiu de hospital, se saiu andando, nem imagino. Mas o motoqueiro, xi..., tava lá na mão dos puliça... Sei não, os documentos não deviam estar em ordem... E tudo isso pq o coroa não julgou importante, pra sua própria segurança, esperar uns segundos manés q fossem. Se deu mal e de um outro péla que cruzou seu caminho. A falta de paciência das pessoas é um problema. E até eu mesmo, pensei depois, não tive tempo pra uma assistência mínima q fosse. Tâmu tudo é lascado mermo.