Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, agosto 29, 2005

Constrangimento matinal

Nem tanto matinal, vamos combinar. Era perto de 2h da manhã. Após tomar uma cerveja de qualidade questionável na Lapa, onde existem os arquinhos branquinhos, tomei o caminho do Castelo. Caminhada básica da Lapa até a Avenida Antônio Carlos, onde é o ponto final do famigerado 393. Após sair da rua do Riachuelo, passar por baixo dos carros, caminhar pela frente do Circo Voador, Fundição Progresso, Esdi, Quartel General da Polícia Militar, Câmara dos Vereadores, Theatro Municipal, Museu Nacional de Belas Artes, Biblioteca Nacional, Associação Brasileira de Imprensa... Só faltava o prédio do antigo Ministério da Fazenda pra chegar a avenida onde está o ponto.

Estava na altura da Rua Debret, fundos do antigo ministério, só teria q chegar até a frente dele pra esperar o famigerado coletivo. Merreca. Molinho.

Mas aí um fiat Uno preto começa a me acompanhar. A sensação foi "perdi, vou ser assaltado agora". Fiz q nao vi e segui caminhando. O cara foi na mesma veolicidade. Gelar eu nao gelei, mas comecei a pensar em possíveis estratégias de fuga. Nada me pareceu bom. Era derrota certa.

Aí resolvi encarar a derrota com dignidade. Olhei pro sujeito q me seguia. Puts, era um carinha com pinta daqueles executivinhos q perambulam pela AVenida Rio Branco olhando pra mim com olhar lânguido. Ih, coé, maluco. Se adianta. Olhei pra ele fiz aquele clássico gesto de 'se adianta'. E o cara continou. Foram cerca de 10 segundos odiosamente constrangedores. Fala sério. O cara tava querendo q eu fosse michê? Ah, tenha dó.

Após ter dito alguns impropérios e palavaras de baixo calão da forma, digamos, menos cordia possível, o mané do fiat uno preto vazou.

E como nem tudo dá errado, uma improvável van passou e ainda me levou, digo, me troux pra Bangu em tempo recorde.