Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, março 02, 2005

"Com certeza" é o cacete!

Eu não gosto muito de escrever aquelas coisas tipo “eu odeio isso, eu odeio aquilo”. Outro dia escrevi que odeio o “eu sou do bem”, que não diz nada e, a meu ver, quem é do bem não precisa ficar anunciando aos quatros cantos. Além disso, já vi uns e outros que se dizem do bem serem os mais perfeitos vacilões, escrotos e desonestos, aqueles que chamo com gosto de fura-olho.
Pois bem, hoje eu quero falar que odeio o “com certeza”. Odeio, mas odeio muito o “com certeza”, que, pra variar, nada diz. Há tempos a Leda Nagle, que apresentou o Jornal Hoje da TV Globo durante tempos e já há algum tempo apresenta o Sem Censura, na TVE, usa a expressão, um jargão seu. Algo que no seu contexto até faz sentido.

A cagada é que hoje o “com certeza” que para alguns já deve ser “concerteza” é usado pra responder qq pergunta. O jogador, o político, o ator, o cara ali da portaria, o trocador do ônibus. Começou-se a ver a expressão ser usada na tevê, acharam maneiro e passaram a usar. Mas usam pra dizer nada! Por exemplo, perguntam “O time teve pontos fracos no primeiro. O que será feito para acertar a equipe?” E vem a resposta: “Com certeza. Falhamos em alguns momentos, mas...”. Aí, o deputado é perguntado sobre o projeto que será enviado para a mesa diretora, e o sujeito responde “com certeza. Recolhemos mais do que o número mínimo de assinaturas”. Aí eu mesmo pergunto ao cara da portaria o que aconteceu ali na frente pq rola a maior muvuca e ele vira pra mim e manda “com certeza, parece que foi um atropelamento".

Será que as pessoas perderam a noção? Acho que algumas nunca tiveram, é verdade. As pessoas não sabem o q falam. Falam pq ouvem na televisão. Se eu tivesse um programa na tevê ia fazer um teste. Ia mandar uns “bunda suja” perdidos durante uma fala e outra pra ver se os repetidores, os donos de cabeça ocas ou com caixas de ressonância sobre o pescoço iriam começar a repetir tb.