Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Curiosidade mórbida

Hoje de manhã assisti a dois telejornais. Normalmente vejo o Bom dia Brasil e pego o rumo do Centro. Hoje, vi o Bom dia Brasil e depois o jornal da Record, q começa às 8h. Vi q um jogador de futebol húngaro morreu em campo, durante um jogo do Campeonato Português de Futebol, a exemplo do ocorrido com o camaronês Marc Vivien-Foé, ano passado, quando jogava pela Seleção do seu país na França.

Enquanto a Globo mostrou rapidinho o cara andando, caindo e ficando estatelado pelo chão, a Record mostrou em câmera lenta, tudinho... Cara, q é isso? Não precisa de tanta exposição. Eu fiquei chocado. Chocadaço. Não tô aqui pra ficar curtindo o sofrimento e a morte alheia.

Mas parando pra pensar... tem gente q gosta, tem gente q curte. Eu fico revoltado quado fico parado em um engarrafamento pq as pessoas, do alto da sua curiosidade mórbida, param seu carros para verem acidentes, assistirem a agonia de terceiros, vítimas de atropelamentos ou presos em ferragens. Pra q isso, meu Deus? Se nao vai ajudar, nao atrapalha. Nao atrapalha a chegada da ambulância ou das demais pessoas q sabem q nao podem ajudar e nao ficam ali, assistindo a desgraça.

Me incomoda quando chega um mané é diz q é culpa dos jornalistas. Ah, tenha dó da minha paciência... P q muita gente gosta mesmo é de sangue, de sofrimento. Acho q deve ser algum barato escondido lá no fundo da cabeça de vários seres humanos. A coisa é histórica. Não consigo conceber que execuções fossem eventos q reunissem pessoas. Não entra na cabeça como pode ser divertido ou legal ver alguém ter o pescoço estrangulado ate´a morte ou a cabeça separada do corpo. Como é q pode?

A gente começa a ter senso crítico e começa a entrar em parafuso. Começa a pensar que o mundo evoluiu tecnologicamente, mas a cabeça do ser humano é exatamente a mesma, brutalizada. Gosto disso nao. Comecei a semana mal à vera.