Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, setembro 15, 2003

Porque funk é legal

Muita gente torce a cara pro funk que chacoalha a molecada no Rio de Janeiro. Diz-se que não é funk de verdade, diz que faz apologia ao sexo, diz-se que é de mal gosto, diz-se q é coisa de pobre, diz-se q é coisa de preto. Bom, com as duas últimas coisas eu até concordo, mas quero q alguém me convença q funk não é legal.

Existe uma má vontade inerente ao ritmo pq é música de preto e favelado. E é mermo. É música q vem do morro, dos buracos paupérrimos dessa metrópole que é o Rio. É uma evolução dos antigos bailes ‘black’ q tomavam os subúrbio dessa cidade, da batida do Miami Bassa que chegou ao Rio no início dos anos 80, se não me egano. Funk tb é ‘black music’, só lhe foi tirado todo o charme por q seus freqüentadores são pobrinhos. Mais q eu até.

Excluídos
Não saco da história do ritmo com grande precisão, não li o livro do Hermano Viana sobre o assunto, mas é inegável q esse mesmo funk seja carregado de valor. É como esses excluídos falam de si, falam da sua realidade e procuram se divertir.

A temática não tem limite. Como seu meio fanqueiro é marginalizado constantemente, pq fazer música q todo mundo faz? Os caras escancaram e fazem músicas tão marginais quanto. Algumas abusam da citações sexuais, outros (menos consumidos) fazem apologia ao tráfico de drogas. Na realidade é própria galera fanqueira traficante q grava.

Guetos
O q pega é q essas músicas são feitas voltada para um público específico. Voltado pros mesmos guetos onde vivem os funqueiros. Mas a mídia, q é oportunisma meijmo, vai lá e pega os caras. Leva pra tevê, leva pro rádio. Leva pra fora do Rio, onde o funk não faz o mesmo sentido q aqui.

Fora daqui é só uma música pop. No Rio, é uma forma de expressão q vem sendo discriminada e combatida desde q me entendo por gente. E fora do Rio ganha ainda mais esse estigma de coisa de preto e pobre. Mesmo assim, nos subúrbios cariocas e nas favelas mostra um vigor invejável. E p q? Pq é a música q fala a língua dos caras.

Barato
No Rio o funk domina as áreas pobres, é diversão barata e acessível, ao contrário dos outras coisas destinadas aos jovens, com custo q só a classe média pode atingir.

E o batidão? Dentro de um baile de verdade ninguém, mas ninguém mesmo consegue ficar parado. Parece até piada, mas o corpo vibra sozinho. Na primeira vez q a fui a algo desses fiquei impressionado e mesmo não sendo um adepto de carteirinha me rendi a força (literal) q o ritmo tem.