Manifesto de orgulho suburbano
Segundo o Dicionário Aurélio, subúrbio quer dizer ‘cercanias da cidade ou outra povoação’. No Rio, subúrbio ganha outra conotação. Vira sinônimo de lugar feio, onde pessoas pobres e de classe média baixa moram. Essa conotação carioca de subúrbio também menospreza os seus habitantes e dá a palavra suburbano um tom pejorativo, remetendo a um indivíduo pobre de espírito. O mesmo Aurélio já reconhece o vocábulo como ‘indivíduo de mau gosto’. Tudo fruto do mais puro e mais baixo preconceito.
A cidade do Rio de Janeiro conta com pouco menos 6 milhões de habitantes no seu total e os não-suburbano, digamos assim, seriam só aqueles que habitam as partes fora da região suburbana da cidade. E qual seria essa região? Apenas a Zona Sul, a Barra da Tijuca e o Recreio. Alguns até consideram a Tijuca como não sendo subúrbio, mas TODOS os outros bairros da cidade, segundo essa forma de visão, são suburbanos.
Segundo números da Prefeitura do Rio de Janeiro, a população dessa zona não-suburbana representa pouco mais de 13% dos habitantes da cidade. Diante disso concluo que apenas essas pessoas que moram nas partes nobres do Rio, pouco mais de um milhão de pessoas, não deveriam receber essa ‘terrível’ qualificação de suburbano. Pois é, mas são justo essas pessoas que são os profissionais da mídia, os que formam opinião e acabam empurrando essa sua forma preconceituosa de pensar.
A raiz
O subúrbio dessa cidade não é esse buraco negro que muita gente pensa. Muito pelo contrário, é dele que sai a identidade da população carioca. A forma descontraída de ser, o bom humor, a malandragem (não no seu sentido pejorativo) são todos frutos do modo de vida dessas partes da cidade.
Nas Zonas Norte e Oeste existe colaboração e afeto entre vizinhos, existe cordialidade e boa vontade, ao menos existe mais do que na outras áreas cariocas – que têm outros predicados, é bom que se diga.
No subúrbio carioca está fincada a raiz da cultura popular dessa cidade, com suas manifestações folclóricas e suas principais atividades artísticas populares. Dele sai o samba, que não nasceu no Rio, mas na Bahia, embora tenha ganhado corpo e reconhecimento em solo carioca. Nele também vive o funk que, mesmo que não se goste, é um grito oprimido há mais de 20 anos e mesmo diante da não aceitação da classe média durante boa parte do seu tempo de vida, insiste em sobreviver (com vivacidade) nos bailes afastados do Centro.
Aqui tb tem
Na parte da natureza, as praias e principais pontos turísticos estão nas áreas nobres, mesmo assim existem belezas e fatos escondidos dos olhos dos cariocas por não ficarem na Zona Sul. Um dos maiores orgulhos da cidade é a Floresta da Tijuca, uma enorme área verde localizada entre a Zona Norte e a Zona Sul. De onde saíram as suas primeiras mudas? Da Serra do Mendanha, em Campo Grande, Zona Oeste.
Como cidade histórica, muita coisa aconteceu fora do Centro ( a parte mais antiga do Rio). Onde hoje está o Complexo da Maré esteve o principal porto do Rio durante décadas. A Fábrica Bangu, que deu origem ao meu bairro, foi uma das maiores empresas exportadores desse país, levando até ela mais de uma vez o então presidente da República, assim como outras fábricas que ajudaram a povoar outros bairros cariocas.
Economicamente Madureira, Irajá, Jacarepaguá, Campo Grande e Bangu são importantes centros comerciais da cidade. Sem eles a arrecadação dessa cidade, que tanto se gaba de ser turística, cairia estrondosamente.
Emancipação
A Zona Oeste do Rio já quis se emancipar mais de uma vez, iniciativa sempre barrada pelo governo municipal. E por quê? Porque é pra ali onde essa cidade ainda pode crescer, ainda mais com a criação do Porto de Sepetiba, que mesmo não ficando na cidade (está em Itaguaí), fica literalmente ao lado dessa zona do Rio. Além disso, a arrecadação municipal sofreria uma forte baque com a perda de centros importantes para a cidade como Bangu e Campo Grande.
Mas a principal contribuição que o subúrbio deu e dá a essa cidade são os suburbanos. Gente que compõe quase 90% do povo carioca e faz essa cidade ser o que é. Por conta disso vou discordar até o fim de alguém que chegue do meu lado e chame alguém, pejorativamente, de suburbano. Acho que agora nao é difícil entender pq tenho orgulho de fazer parte dessa gente.
Segundo o Dicionário Aurélio, subúrbio quer dizer ‘cercanias da cidade ou outra povoação’. No Rio, subúrbio ganha outra conotação. Vira sinônimo de lugar feio, onde pessoas pobres e de classe média baixa moram. Essa conotação carioca de subúrbio também menospreza os seus habitantes e dá a palavra suburbano um tom pejorativo, remetendo a um indivíduo pobre de espírito. O mesmo Aurélio já reconhece o vocábulo como ‘indivíduo de mau gosto’. Tudo fruto do mais puro e mais baixo preconceito.
A cidade do Rio de Janeiro conta com pouco menos 6 milhões de habitantes no seu total e os não-suburbano, digamos assim, seriam só aqueles que habitam as partes fora da região suburbana da cidade. E qual seria essa região? Apenas a Zona Sul, a Barra da Tijuca e o Recreio. Alguns até consideram a Tijuca como não sendo subúrbio, mas TODOS os outros bairros da cidade, segundo essa forma de visão, são suburbanos.
Segundo números da Prefeitura do Rio de Janeiro, a população dessa zona não-suburbana representa pouco mais de 13% dos habitantes da cidade. Diante disso concluo que apenas essas pessoas que moram nas partes nobres do Rio, pouco mais de um milhão de pessoas, não deveriam receber essa ‘terrível’ qualificação de suburbano. Pois é, mas são justo essas pessoas que são os profissionais da mídia, os que formam opinião e acabam empurrando essa sua forma preconceituosa de pensar.
A raiz
O subúrbio dessa cidade não é esse buraco negro que muita gente pensa. Muito pelo contrário, é dele que sai a identidade da população carioca. A forma descontraída de ser, o bom humor, a malandragem (não no seu sentido pejorativo) são todos frutos do modo de vida dessas partes da cidade.
Nas Zonas Norte e Oeste existe colaboração e afeto entre vizinhos, existe cordialidade e boa vontade, ao menos existe mais do que na outras áreas cariocas – que têm outros predicados, é bom que se diga.
No subúrbio carioca está fincada a raiz da cultura popular dessa cidade, com suas manifestações folclóricas e suas principais atividades artísticas populares. Dele sai o samba, que não nasceu no Rio, mas na Bahia, embora tenha ganhado corpo e reconhecimento em solo carioca. Nele também vive o funk que, mesmo que não se goste, é um grito oprimido há mais de 20 anos e mesmo diante da não aceitação da classe média durante boa parte do seu tempo de vida, insiste em sobreviver (com vivacidade) nos bailes afastados do Centro.
Aqui tb tem
Na parte da natureza, as praias e principais pontos turísticos estão nas áreas nobres, mesmo assim existem belezas e fatos escondidos dos olhos dos cariocas por não ficarem na Zona Sul. Um dos maiores orgulhos da cidade é a Floresta da Tijuca, uma enorme área verde localizada entre a Zona Norte e a Zona Sul. De onde saíram as suas primeiras mudas? Da Serra do Mendanha, em Campo Grande, Zona Oeste.
Como cidade histórica, muita coisa aconteceu fora do Centro ( a parte mais antiga do Rio). Onde hoje está o Complexo da Maré esteve o principal porto do Rio durante décadas. A Fábrica Bangu, que deu origem ao meu bairro, foi uma das maiores empresas exportadores desse país, levando até ela mais de uma vez o então presidente da República, assim como outras fábricas que ajudaram a povoar outros bairros cariocas.
Economicamente Madureira, Irajá, Jacarepaguá, Campo Grande e Bangu são importantes centros comerciais da cidade. Sem eles a arrecadação dessa cidade, que tanto se gaba de ser turística, cairia estrondosamente.
Emancipação
A Zona Oeste do Rio já quis se emancipar mais de uma vez, iniciativa sempre barrada pelo governo municipal. E por quê? Porque é pra ali onde essa cidade ainda pode crescer, ainda mais com a criação do Porto de Sepetiba, que mesmo não ficando na cidade (está em Itaguaí), fica literalmente ao lado dessa zona do Rio. Além disso, a arrecadação municipal sofreria uma forte baque com a perda de centros importantes para a cidade como Bangu e Campo Grande.
Mas a principal contribuição que o subúrbio deu e dá a essa cidade são os suburbanos. Gente que compõe quase 90% do povo carioca e faz essa cidade ser o que é. Por conta disso vou discordar até o fim de alguém que chegue do meu lado e chame alguém, pejorativamente, de suburbano. Acho que agora nao é difícil entender pq tenho orgulho de fazer parte dessa gente.
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