Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, fevereiro 27, 2003

Considerações sobre Brasília

É um lugar estranho verdadeiramente. Acho horroroso quando alguém vem me falar que é fácil andar aqui pq é uma cidade cartesiana. Quero mais é que Decartes se rasgue! Aos meus olhos de haole, Brasília fica chata por ser muito igual. Toda hora vc tem a impressão que está passando no mesmo lugar.

Eu, que fui criado, em meio ao relevo carioca acho muito estranho olhar no horizonte e não ver um morrinho sequer. Em compensação, quando o sol nasce e se põe é uma coisa muito bonita. Disseram que no período da seca, quando as partículas de poeira ficam em suspensão deixam o sol avermelhado. Bom, vai demorar pra ver isso.

Outra coisa é o trânsito. Vc vê placas dos lugares mais inusitados do mundo. Tem carro com placa de cada município. Esses dias eu vi um carro com placa de Manaus e até Boa Vista! Vi carro de Teresina e de municípios impronuciáveis do interior da Baia, Minas, São Paulo, Goiás, Matro Grosso e até Tocantins. É verdade. Todos esses lugares existem e tem gente morando, ao menos tem carros registrados por lá. No meu prédio tem gente de Campina Grande, na Paraíba, e até de Lins, no interior de São Paulo.

As placas indicando velocidade realmente devem ser obedecidas, pq existe de pardal por essas vias é um absurdo. Dá nos nervos andar a 60km/h em pistas largas e lisinhas... Algo que me surpreendeu e tiro o chapéu é a educação dos motoristas qeu páram para os pedestres atravessarem as ruas sobre as passarelas, até lembrei de Floripa.

Embora as pessoas sejam calorosas umas com as outras em grupos de amigos, vc não vê gente andando pelas ruas. Tremendo domingão, sol, calor e todo mundo dentro de casa. Não há interação nas ruas como no Rio. Não há nada parecido com o que vi no Rio. Aqui tb não é muito comum a cultura da carona. Cada um vai no seu próprio carro.

Pra minimizar a falta de coisas para fazer, existem zilhões de bares e cinemas, mas sei lá. Não acho suficiente.