Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, janeiro 27, 2003

Por falar em Fabio Lino...

Como eu já escrevi outra vez, Fabio Lino (é um nome que só pode ser pronunciado com as duas palavras) é uma entidade brasiliense. Assim como existem as entidades da florestas e as entidades urbanas (como a mulher loura e o carro da pamonha), o Planalto Central tb oferece esse tipo sobrenatural.

Na noite de sábado estava eu com Clarissa conversando sobre nao ter o que fazer durante a noite quando meu molecular toca. Era o próprio personagem folclório nos falando de uma festa que pensávamos em ir, mas havíamos lido no jornal que nao existiria. Pois bem, Fabio Lino tanto insistou que nos convenceu. Fomos para a festa. Era simplesmete o evento de encerramento da Escola de Música de Brasília, onde uma big band (formada por alunos da escola) tocam de tudo, mas de tudo mesmo. Boa música, gente maneira e o que é melhor, é um esquemão que aprendi a chamar lá em Bangu de Festa 0800 (DE GRAÇA).

Já com a diversão garantida (e só nao foi perfeita pq a cerveja era Bavária e Kaiser) nos perguntamos sobre a referida entidade. Antes de sairmos de casa, lá pelas 22h, Fabio Lino havia ligado avisando que iria para um bar e me convidou para ir até lá, mas como já tinha castigado o figago 24 horas antes achei melhor preservá-lo.

Já quase 1h liga a peça pergutando onde estámos. Claro que era na festa que ele mesmo tinha nos convencido a ir. E avisa "Tô indo praí". Passou-se uns poucos minutos e o personagem chega. Faz uma social, troca umas palavras e diz "vou dar um rolé".

Já eram 5 horas da manhã quando foi embora com Clarissa. Fábio Lino voltou do rolé? Claro que nao, deve ter encontrado a mulher loura, o saci, a cuca, a mula sem cabeça, os duendes da floresta e o curupira pra ir - dentro do carro da pamonha - para uma festinha de entidades folclóricas.

Só hoje o encontrei e o cara vem me dizer com a cara lavada "No rolé, o guerreiro sorriu". Entao tá, né. Fico quieto, nao discuto com seres sobrenaturais. Eu acredito em Fábio Lino.