Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, novembro 04, 2002

Uma história

Essa história sempre vem a tona nos encontros com Marquito, Marcos Uva e João Goiano. No idos de 96 nós quatro fomos ao Congresso Brasileiro de Estudos Interdisciplinares em Comunicação, vulgo Intercom. Rolou em Londrina, norte do Paraná. Fomos separados e nos juntamos aos poucos. Lá, encontramos a galera da Gama Filho (que só ia aos Intercons e nunca aparecia nos Enecons). Rolou uma social básica e combinamos que voltaríamos com os caras. O que fazer com o dinheiro da passagem? Usar na esbórnia. Ou seja, bebemos o dinheiro mais uma vez...

Na hora de ir embora veio a notícia que nos foi dada assim: "Ó, o motorista disse que vai ser perigoso levar vcs e pediu pra cada um dar cem reais por conta de qq parada da Polícia Rodoviária na estrada". Ótimo, né. Meio estranha a colocação dos caras e justo na hora de irmos embora, visto que os quatro estávamos com as malas nas mãos. Resultado, mesmo com lugares vagos no ônibus os caras no deixaram sentadinhos no gramado da Universidade Estadual de Londrina numa bela noite do mês de setembro.

Os quatro procuravam disfarçar o desespero que já crescia. Pô, ficar em Londrina pq nao tinha grana ia ser sinistro toda a vida. Nem praia tinha... Pois bem, eis que surgiu um ônibus todo iluminado dirigido por Jesus Cristo ou algo parecido...

Corremos e perguntamos pra onde iam, se podiam dar um bonde. Pô, era uma galera da Unisanta e da Unisantos, de Santos, que ia buscar uns professores na cidade (a Uel ficava fora do perímetro urbano pra completar o perrengue). Ao menos até a cidade a gente tinha bonde. Ficamos quietinhos no canto do ônibus... só esperando que o professor responsável deixasse a gente ficar. Se rolasse, iríamos até São Paulo, de lá ia ser mais fácil nos virarmos. E deu certo. Deixaram os cariocas ficarem.

Ficamos ligados até chegar naquela estranha cidade ao sul do Rio. Com a gente desceram duas figuras que tb pegaram carona. Agora a cena ridícula: Todos saímos do ônibus, pegamos as bagagens na mala e o ônibus partiu. Foi saindo um por um com suas malas e mochilas até a hora que sobrou uma. Como assim sobrou uma? Não era da ninguém. Tínhamos pego um mala a mais!!!

Pô, os caras salvam a pele da gente e ainda fazemos cagada!!!

Ficou combinado que os caras de São Paulo iriam devolver a bagagem a mais aos santistas... De todo o coraçao espero que eles tenham feito isso, pq ia ficar uma péssima imagem da gente. Ajudam a gente e sumimos com a bagagem deles! Mó remorso quando penso nisso...