Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Cá estamos nós...

Antes de publicar as histórias antigas, já com um mês, pensei em pôr aqui coisas de hoje. Coisas do trem.

Mais cedo, bem mais cedo, tomei o trem na estação Guilherme da Silveira rumo à Central. Ia para o oftalmologista fazer um exame. Entrei no terceiro vagão, que castigo. Pq eu sempre me esqueço q é o vagão onde a galera vai pregando!

Zilhões de estações ao som de canções evangélicas e "ó, glórias". Ok, liberdade de culto religioso é isso aí.

Mas no fim, já na Central do Brasil, uma mão tocou meu ombro esquerdo. Não, não foi a mão de Deus e nem um anjo. Era um dos pregadores.

- Qual seu nome?, perguntou ele.

- Aceite Jesus no coração, ele vai mudar sua vida. Olhe para lá (apontou para as figuras pregando no meio do vagão). Levante a mão e ore com eles, disse pra mim.

O mais polidamente possível olhei para o senhor, perguntei seu nome, agradeci seu interesse e lhe disse que já tinha Jesus no coração. Sei lá, acho q o senhor não se emocionou muito comigo. Olhou pro lado e partiu voraz para a moça q estava a meu lado. Sinto muito, respeito a galera pregando, mas não me venha futucar quando estou quieto.

Ele começou a fazer uma oração pra menina que acabara de abordar enquanto eu vazei do vagão. Tinha q correr pra pegar o metrô e correr pro meu exame.

Comentei o fato com uma amiga de depois e ainda fui recriminado por ela q disse q eu era simpático demais. Eu, hein. Simpático demais?