Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, julho 13, 2005

Violença !!! 1

Outro dia andava o sujeito numa noite de domingo pela Avenida Brasil ali na altura de Bonsucesso, tipo na altura q a Linha Amarela cruza a Avenida Brasil. É sério. Eu realmente tava lá. Caminhava até um ponto de ônibus pra pegar iluminando caminho para Bangu.

Chegava ao ponto do ônibus, ali ao lado do quarte do CPOR, e já na entrada de uma das comunidades do Complexo da Maré, mas nem sei qual delas.

Caminhava de olhos abertos, ouvidos antentos e tal. Quando me aproximava felizmente do ponto de ônibus pude ver dois carros da Polícia Militar. Vamos combinar, carros da PM na entrada de uma favela geralmente não são a coisa mais legal do mundo. Entende-se num estalo: algo está acontecendo, isso não é legal.

Fazer o q? Eu tinha q passar por eles. Cheguei perto e fiquei olhando o bolo doido pra entender o q se passava. E acho q entendi.

Os papa mikes acharam um moleque no meio das pessoas suspeito. Desceram das viaturas. Foram ver qual era a do tal moleque. Mas, sabe como é, né. Esculacharam o criaturo. Deram tapa, humilharam o cara. Pior. O cara tava com a família no ponto de ônibus. A chapa esquentou foi aí. Era mãe, era parente, era tudo segurando o moleque q tinha sido esculachado q não parava de gritar "eu sou trabalhador! vcs não têm o direito de me tratar assim!".

Bom, não vi a coisa do início, isso foi só no q pesquei dos poucos instantes assistindo a infelicíssima cena.

Quando tudo parecia estar se acalmando, suger um sujeito já pra lá dos seus 40 anos. Sabe aquele tipo maltrapilho, grisalho, bigodudo q sempre existem em butecos? Um deles. O cara carregava um saco e tava frenético. Uma pilha. Não tava de cara limpa, não sei se consumiu líquido ou pó, mas tava alterado.

Quandos os policiais caminhavam pra entrar nas viaturas o tipo maltrapilho, grisalho, bigodudo não veio jogar um saco sei lá de q no carros dos papa mikes?

Ih, maluco. Berimbolô na hora. Foi tapa, foi chute. Deram com o fuzil no cara.

Eu, q confio no meu anjo da guarda, mas quando acho q tô abusando, dou linha na pipa, meti o pé e vazei na hora. Eu, hein. Sabe-se se lá se a chapa esquenta ainda mais por ali? Sabe-se se lá se um dos papa mikes solta o dedo no sujeito ou se alguém dentro da comunidade vem tirar satisfação?

Olha, na boa, jornalisticamente vale o registro, mas não é a melhor coisa pra uma noite de domingo.

Sabe qual foi a melhor coisa? O 393 passou e me deu o clássico bonde pra Bangu.

O q me deixa bolado é q, se por algum motivo, os puliça quebram o moleque ali (entenda-se matam mesmo) e isso chega até os jornais vem logo aquele pensamento de "é menos um". Só pq é favelado ou tava pela favela.

Eu tb tenho medo da classe média, é bom q se diga.