Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

A Ilha, a Mocidade, o mexicano e a Mercedes

Todo mundo vive histórias insólitas uma vez ou outra. Nesse sábado, lá fui eu viver uma dessas. Sábado foi aniversário do companheiro lusitano com quem trabalho. Além de lusitano, o ser é insulano e fez festinha na Ilha do Governador.

Fomos, claro. Gente louca, saltitante e encervejada. Maneiro, muito maneiro. Já perto da hora de vazar pinta uma colega nossa do trabalho. A colega, uma gaúcha recém chegada a cidade, tinha como companhia uma mexicano figuraça. Mas figuraça caprichada. Boa gente, bebedor, falador de um português macarrônico próximo do portunhol e parecido com aquele carecão daquele grupo Gengis Khan - q tinha um carecão figura. Geral olha pro mexicano e lembra dele.

Pois bem, ainda na Ilha, digo "vou pra Mocidade. É o último ensaio em q vou dar as caras antes desse carnaval". Disse e chamou a galera. Nao é q todos foram? Já é. Salve a Mocidade.

Chegamos lá eu, Irmão-Léo e Renato Codorna (outra figura q trabalha com a galera), todos no Ervilhão - carro e parceiro. A gaúcha e o mexicano foram no Mercedes pilotado pelo companheiro latino.

Dentro da quadra, samba, suor e cerveja. Nao podia ser diferente. Muitos encontros, alguns desencontros ao som da ixpetacular bateria de Mestre Coé. "Lá vem a bateria da Mocidade Independente. Não existe mais quente, não existe mais quente".

Alegria arregaçada, pernas cansadas. Fim de noite. Voltemos para nosso carros e para nossas casas.

Chegando aos carros, a surpresa: O mexicano perdeu a chave da Mercedes!

Melhor, a Mercedes nem era dele. Sensacional!!!

Voltamos a quadra, entramos, já com o samba encerrado. Procurou-se e nada.

Como já era quase manhã, optou-se por todos pegarem seus rumos e voltarem depois pra resolver a parada.

O perrengue continua

Acordei já tarde e fui a cata de Minduím. A avó de minduba mora perto de onde ficou o carro, a gente ia lá dar um alô q o carro nao era roubado. Imagina, era a primeia parada q iam imaginar. Um carro daqueles, parado num domingo sem ninguém por perto. Passamos pelo carro-sem-chave, continuava no lugar. Fomos à casa da avó do sujeito quando alguém gritou "tão mexendo no carro".

Nao era o mexicano, a gaúcha e um chaveiro já futucavam a Mercedes.

O carro foi aberto e se chamou um reboque. O sol apertava, já era início da tarde e nós lá. Minduim, do alto da sua genialidade bebum, foi ao boteco e voltou com duas Skol. Camarada bom é assim mermo.

Enquanto o reboque não chegava, nos sentamos na rua, em frente ao bar, a uns metros do carro e ficamos matando o tempo.

Sentados encervejando as tripas o mexicano começou a fazer sucesso. Uma galera local adorou quando soube q o mexicano era mexicano. Ou seja, era gringo. Como neguinho curte ter um cara de fora na comunidade. Trataram bem, contaram histórias e tal. É algo meio q de orgulho em ter estrangeiro nos arredores.

E salve essa caracaterística receptiva do povo carioca. Gengis Khan comentara q onde ele morava, na Barra, as pessoas mal se falavam. E ali, no meio de Padre Miguel, tava curtindo a forma com quem estava lá, no perrengue, mas divertindo e sendo bem tratado.

Bom, o reboque chegou. Pagamos as sete ou oito garrafas consumidas em poucos mnutos. E Gengis ainda veio me contar q nem habilitação pra dirigir tinha. Peraí, o cara perdeu a chave do carro emprestado e nao tinha sequer habilitação?! Peraí, parceiro... assim eu morro do coração...

Fui apurar há pouco com a gaúcha e o carro está lá na garagem do mexicano. Mas a chave? Ninguém sabe, ninguém viu. Foi pro samba e, ó, vazou...

Melhor, Gengis se amarrou na parada e já tava querendo voltar.