Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, dezembro 09, 2003

Taxista animal

É público e notório o meu 'bom' relacionamento com os taxistas do mundo. Bom, eu nao tenho preconceitos, mas nao dá pra se dar com essa subraça q sao os taxistas (entendeu a brincadeira? Nao tenho preconceitos, mas nao me misturo com taxistas? Explicar a brincadeira é doloroso...). Bom, conforme tenho ficado até tarde nesse escritório a empresa me proporciona voltar pra casa num desses veículos amarelos com uma tarja azul (no Rio os táxis são assim).

Já dentro de um desses, a caminho do aprazível bairro de Bangu, o taxista começou a falar e eu comecei ficar ainda mais bolado. Sigo na Avenida Brasil até a altura do Motel Bariloche, em Realengo, onde saio da via e vou por dentro. Disse pro taxista "a gente sai a esquerda, na altura do Bariloche, valeu?". Aí ele contou:

"outro dia eu tava trazendo um casal pra esse lado de cá. O moço mandou eu sair aqui mesmo. Eu saí da Brasil e entrei no motel. Foi a maior confusão, o moço e a moça ficaram sem graça. Disseram q nao era isso, q nao era pra entrar ali. Eu dei ré e sai, né".

Cara, como é q o cara entra com o casal no motel sem ninguém ter pedido?!

Só q o taxista nao parou por aí. Contou outra. Entre Realengo e Padre Miguel existem uma rua, muito curta, q é sem saída. Ela deve tem umas seis ou sete casa e termina na linha do trem. A paredes da linha sao quebrada criando uma passagem para o outro lado, onde está a Vila Vintém. Ali fica um conhecida boca de fumo da localidade. O tal taxista havia levado uma pessoa até ali q provavelmente morava na Vintém. A pessoa desceu e quadno ele voltava foi abordado pelos caras da boca com o clássico: "vai de preto ou vai de branco?". Perguntinha sobre se o mané quer o preto (a maconha) ou o branco (a cocaína). Aí o anti-herói taxista falou: "Pô, fiquei com medo. Comprei um pouquinho preto pra eles me liberarem, né".

Ah, tá. Claro. Desculpa perfeita. Ele nao levou em conta q taxista tem meio q livre acesso nessas paradas. Ahan.

Já chegando em casa, numa bifurcação falei: "entra a esquerda". E nao é q o furingudo foi pra direita. Pior, deu uma tremenda ré pra desfazer a cagada. Aí tive certeza, o taxista era realmente descompensado da idéia. Eu, hein. Tô fora desses caras.