Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, outubro 26, 2003

E nao acabou por ali

Após a recuperação do susto - visto q a última vez que tive uma arma apontada pra minha cabeça foi em janeiro de 1994, quando fiquei de refém junto com toda a família do meu camarada Hélber, em São Paulo, quando deram um barró na casa dos caras - segui para casa.

Cruzei toda a extensão da Brasil q vai do Centro até Realengo. Onde, tcharan, rolava um blitz do Getam. Geralmente os caras me liberam. Geralmente, nessa noite o sujeito cismou com a minha cara.

Pediu pra eu descer. Desci. Pediu comentos. Entreguei. Aí começou a pentelhaçao. "O carro do senhor nao está ok. Posso aprender". Pronto, caô pesadaçao. Pode aprender é o escambau.

"O senhor nao fez vistoria". Expliquei ao sujeito o motivo. Tinha um multa pendente, foi paga e a vistoria estava agendada.

"Entao vou te dar outra". Respondi q podia dar, mas com mais uma multa o carro ia continuar sem vistoria visto q nao tinha sido paga por falta de grana.

Aí, se fazendo de bobo, veio o papa mike sugerir q eu desse um qq pra ele. É RUIM, MANÉ.

Má num dô mermo. Se tiver q multar, q multe. Nessa, ele quis ficar meu amiguinho. Perguntou o q eu fazia. Disse q era jornalista. "Qual o jornal?", ele perguntou. Respondi q tinha trabalhado em todos os jornais populares da cidade, mas hoje estava fora de redaçao.

Chataço, o cara ainda continuou. "Mas trabalha onde hoje?". Saquinho, né. Trabalho na empresa tal (que é grande à vera). "Ah, é? Tem crachá?", insistiu querendo ver.

Lá fui eu, futuquei minhas coisas. Peguei o crachá e mostrei. Nao faço idéia do poder q ele teve, mas o cara me liberou ali com a seguinte e emblemática frase:

"Tá blz. Não vou te sacanear por pouca coisa, né. Bom dia." Virou as costas e se foi.

Montei na Grande Ervilha Mecânica e vazei pra casa. Rezava pra padroeira por ter sido liberado nas duas (embora na segunda eu estivesse certo) e esperava para chegar em casa sem mais perrengus. Passei por mais duas barreiras de policiais, mas ninguém me encheu.

Ufa outra vez.