Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, maio 16, 2003

É tudo verdade

Em um dado dia Pinduca sai do seu apartamento, em determinada quadra, em Brasília, e escuta alguém dizer que um músico da mesma quadra e com nome de peixe foi convocado por Zé Maria. Pinduca pensou na mesma hora: “Bacalhau morreu!”.

Pinduca, jornalista e músico, ficou chocado imediatamente. Como podia um cara saudável e jovem como Bacalhau ter morrido repentinamente?

A banda do Pinduca faria um show na mesma noite da tal morte do Bacalhau, em Goiás e ele, por motivos emocionais, não participou, mas seus companheiros que mesmo assim tocaram, dedicaram uma música ao companheiro falecido.

Saber o lugar é fácil, visto que o Plano Piloto só tem um cemitério, que fica na parte sul. Chegando lá, viu um enterro de um músico jovem e ficou por lá mesmo. Na manhã seguinte, Pinduca foi ao cemitério, mas constrangido não se aproximou do caixão, acompanhando o funeral com alguma distância. Lá, começou a ver várias pessoas diferentes dos conhecidos em geral e chegou a pensar “Pô, o Bacalhau era um cara realmente eclético”.

Voltando do enterro, ainda triste pela perda, encontrou alguns camaradas que tinha em comum com Bacalhau e lhes deu esporro. Como eles podiam ter deixado de lado o enterro de um cara tão legal?

Mas a galera não acreditou no acontecido. Duvidaram do pobre Pinduca, não levaram a sério a história e resolveram ligar pra casa do Bacalhau pra descobrir o que tinha ocorrido.

Quando ligam... quem atende? O próprio Bacalhau.

Na realidade, Pinduca ouviu o galo cantar e não soube onde. Foi ao enterro e não checou quem era. O tal músico falecido era o Tubarão e não o Bacalhau.

Histórias de Brasília. Tudo verdade, com testemunhas e tudo. O próprio Pinduca pode confirmar a história que me foi contada pelo legendário Fábio Lino. Claro que só um cara que tem o estranho hobby de se vestir de galinha e aspirar gás hélio pra alterar a voz poderia relatar um causo, digamos, tão peculiar.