Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, novembro 28, 2002

Saudade da Mocidade



Por que eu nao consigo me ver livre da saudade?!

Vez por outra venho pro trabalho ouvindo o sensacional CD da Elza Soares. Só que na 14ª faixa a madame começa a cantar algo que me remete diretamente à quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, ali, bem no comecinho da Rua General Tamarindo, na entradinha da Vila Vintém, bem em frente à linha férrea, ao lado do Ciep Mestre André e quase embaixo do viaduto que nao sei o nome, mas liga os dois lados de Padre Miguel.

Ah, claro, o que me faz ter saudade é um samba que ela gravou e é cantado na quadra chamado "Lá em Padre Miguel". Quem vai à quadra sabe qual é. É uma das coisas mais empolgantes que já ouvi.

Lá vem a baterira da Mocidade Independente
Não existe mais quente
Não existe mais quete

É o festival do povo
É a alegria da cidade

Salve a Mocidade!
Salve a Mocidade!

Mestre André sempre dizia:
"Ninguém segura a nossa bateria"

Padré Miguel é a capital do samba
Que tem a bateria que bate melhor no carnaval!


A letra não é nada demais, mas é só escutar o vozeirão da Elza cantar isso que me lembro da quadra lotada e a bateria de Mestre Coé - sucessor de Mestre Jorjão que por sua vez sucedeu Mestre André - e fico arrepiado... Os tamborins e chocalhos, o recheio de caixas e taróis e os surdos marcando com energia e precisão. Ai, ai... Além disso, todo aquele povo de Padre Miguel, Bangu e Realengo, Senador Camará e arredores sambando com orgulho de ter bem ali, na nossa área, uma coisa tão boa pra gente ser feliz... Será que vou conseguir presenciar isso ainda esse ano? Tomara...

Salve a Mocidade!