Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Veja bem...

Dia desses no trabalho já chegava a hora de ir emobra e eu arrumava minhas coisas. A chefe queria falar comigo, disse que me encontrava na saída do prédio, já que ia fumar e é proibido fumar no interior do edificio. Ela desceu e, no caminho, existe todo o momento social, as vezes falo com um, as vezes com outros, as vezes com dois. Fato é que demorei. Quando cheguei lá embaixo, lá estava ela já a minha espera com um leve ar reclamativo.

Cheguei até ela e a chefe disse que perguntara por mim aos seguranças. Como a empresa é grande e tem muita gente que passa a todo tempo pela portaria, seria difícil que soubesse quem era eu. Ela disse meu nome e o gente boa perguntou "O rasta? Passou aqui não". Puts, a chefe, desde então, sempre que pode encaixa o "rasta" pra uma leve sacaneada no Vicente. Mas, pelamordeDeus, rasta? Eu? Fala sério, meu bom.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Ontem, já tarde, perto depois de 23h30 recebo uma mensagem pelo celular: “tá acordado?”, perguntava. Liguei para o amigo que me acionava pra dizer que estava de pé e perguntar do que se tratava.

Perguntativo como nunca, o amigo seguiu cheio de interrogações: “Você desceu na estação de metrô na Carioca?”. Ahn? Eu? Eu não.

Insatisfeito, seguiu perguntando: “Tem certeza? Você não saiu lá e nem viu uma equipe de reportagem de televisão?”.

Não, não tinha descido naquela estão, não tinha visto equipe de reportagem alguma. E aí a curiosidade virou de lado. Tive que perguntar ao sujeito o porquê daquelas perguntas.

“Liguei porque minha mãe jurou que te viu. Jurou que era você no RJTV. Ela te viu passar pela câmera e dar até tchauzinho”.

Bom, agradeci a lembrança e mandei um beijo para a mãe do amigo, mas isso é algo que está longe dos meus hábitos, passar por uma câmera e dar tchauzinho. Não era o Vicente.
Ser mané é (versão fúnebre):

Fui comunicado de manhã que tia Tereza havia falecido. Uma pena, uma enorme pena. Não era tia na verdade, era irmã da madrinha de Seu Carlos, mas que adotou Vicente e Leonardo como sobrinhos de fato, assim como a madrinha de Seu Carlos, uma senhora absolutamente querida e figuraça, que nos adotou, ainda crianças, como netos.

Tia Tereza morava perto da universidade onde estudei e sempre passava em sua casa, onde ela me entupia de maçãs. Ela sabia que gostava de maçãs, sempre tinha na geladeria. Sempre que podia, passava lá pra fazer uma social.

Passou o tempo, saí do Rio, voltei, voltei a estudar na universidade fazendo mestrado e sempre que rolava, esticava até a casa de Tia Tereza. Ela já estava por volta dos 80 anos, mas era esperta, sagaz, inteira. Fiquei surpreso quando fui informado que estava internada e depois que havia falecido.

O mínio a ser feito seria ir ao seu enterro. Comuniquei no trabalho a necessidade de sair cedo e parti, de metrô, rumo a Inhaúma. Havia me esquecido, aquele cemitério não tem capelas, os velórios são feitos do lado de fora e depois os cortejos partem para o funeral.

Liguei para Dona Glória que me informou apenas que era capela 4. Ok, mas de onde? Lá foi Vicente passando, absolutamente sem graça, de velório em velório... Quando era 15h50 achei o lugar onde ocorrera a, digamos, despedia de Tia Tereza. O problema é que o cortejo já havia partido. Ah, tia Tereza.... me dando um ziguinau justo na hora do seu enterro...

Olhei pra rua, vi um cortejo bem a frente, algumas centenas de metros a minha frente. Para completar, uma bela chuva caí sobre a cidade. Lá foi Vicente saltitando para superar as incontáveis poças de água e algumas correntezas que desciam a rua como pequenos rios. Correr? Nem pensar, vai que era o cortejo errado. Como eu explicar minha ânsia em chegar ali se fosse o morto equivocado?

Fui com passos largos, o cortejo entrou no cemitério, instantes depois lá fui eu. Já dentro da necrópole, olhei, busquei, nada. Pra me complicar, eu só conhecia o marido de Tia Tereza, que não estava visível em lugar algum. Fui até a administração e perguntei sobre o enterro. A senhora que me atendeu disse que estaria acontecendo naquele momento. Mas depois me avisou que ainda não tinha chegado.

Caía uma chuva fraca, mas capaz de molhar todo um sujeito. Eu, de camisa clara e óculos de sol ia caminhando, discretamente entre grupinhos, pra descobrir se tia Tereza estava em algum daqueles ataúdes. Nada também.

Não diria que bateu um desespero, mas uma sensação de incompetência. O calor era tanto que quando a água caía sobre aquele monte de concreto, na rua, nos bancos, nos túmulos, começava a evaporar. A umidade era enorme, fazendo com que a sensação de calor parecesse maior e o suor continuasse descendo pelam minha testa. Sair para ir a um enterro e não estar no funeral é muito esquisito. Já estava propenso a caminha pelo cemitério quando a senhorinha que me atendeu na administração foi atrás de mim com um papel, estava anotado o “endereço” do túmulo. E me indicou dizendo: “pega essa rua até o fim, depois dobra a esquerda que você acha”.

Vazei. Forçando o passo lá fui eu. Túmulos, túmulos, mais túmulos dos meus lados e aquele pouco encorajador céu cinza sob a cabeça. Terminei a rua indicada e virei à esquerda. A senhorinha também me entregara um papelzinho com o “endereço”. Fui olhando, olhando, um enterro mais à frente. Nenhum dos rostos era conhecido. O féretro já estava sendo conduzido ao túmulo. Vi e fui me aproximando enquanto pessoas que nunca me viram na vida foram me olhando com alguma desconfiança. Também pudera, o que um sujeito com dreadinhos e faixa colorida no cabelo estaria fazendo no enterro daquela senhora.

A antiga empregada da falecida madrinha do meu pai, uma negona retinta com cara de má chamada Clarice, me passou os olhos e me encontrou. Há mais de dez anos ela não me via, mas me reconheceu. Era mesmo aquele funeral onde eu já me enfiava. Cheguei a tempo da última oração para tia Tereza, o esforço não foi em vão.
Pode-se dizer que há uma semana Vicente viveu uma montanha russa emocional. Foi aniversário de Paula, minha digníssima respectiva (ela odeia essa denominação, mas como não lê o blógue... não se irrita comigo) fez aniversário. O primeiro aniversário comemorado desde que estamos juntos, o que representa um marco bacana. Mas, no mesmo dia, fui informado que uma tia, já beeem senhora, havia partido dessa pra melhor e corri ao enterro. Foi-se tia Tereza, que na verdade se chamava Therezinha.

Situação no mínimo esquisita ter o aniversário de uma pessoa querida e o enterro de outra, também muito querida, no mesmo dia. Um dia estranhamente único de sentimentos diferentes que não combinavam. Enterro a tarde. Comemoração de aniversário a noite. Assim o coração não agüenta.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Obama tomou posse

E daí? Sinto firmeza nenhuma. O tratamento de super-herói dado ao primeiro presidente negão dos EUA não me convence. Ele tem discurso e põe na pauta temas importantes como direitos humanos? Hmmm... Obama é bacana, mas só isso lhe confere o ar de “salvador do mundo”? A mensagem que a grande mídia tem passado é justamente essa. Embora seja um marco, um feito cuja força simbólica será discutida durante anos e anos, Obama não chegou até o governo estadunidense por ser bom orador, negão e progressista, teve que fazer os seus acordos com grupos tradicionais de lá. Ou a conservador mídia da terra do Tio Sam teria se rendido apenas ao carisma e simpatia do novo presidente? Duvido.

Não só duvido como vejo no novo presidente dos Estados Unidos mais um presidente estadunidense, como todos os outros. Se vai queimar a minha língua eu não sei, só sei que não compartilho dessa euforia deslumbrada com sua eleição e posse.

segunda-feira, janeiro 19, 2009


Publicado no Malvados: www.malvados.com.br.
Falava disso hoje com a respectiva...

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Vale dizer que ontem foi lançado no barracão da escola o jornal tocado pelo Departamento de Marketing da Mocidade Independente, do qual faço parte hoje em dia.

A capa vai postada abaixo, nela está simpática e benquista rainha de bateria da escola, a Thatiana. Foi trabalhoso chegar ao produtor final, mas é bom demais ver o jornal na mão das pessoas. Que esse seja apenas o primeiro "A Paradinha" a ir pra rua.


Vamos em frente. E salve a Mocidade!


Tenho que vencer a preguiça pra voltar a postar aqui. Já quase posteis duas ou três vezes algum texto cheio de indignação ao que rola na Faixa de Gaza e a cobertura da grande mídia que nos oferece prioritariamente o ponto de vista israelense, mas desisto.

A miséria que mora nas principais ruas de Botafogo e parecem ser invisíveis aos transeuntes é algo que também quase vira pôstes, mas... nunca vou além do início da primeira linha.

Mas voltarei a postar, acho que só perdi o hábito.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Acabo de descobrir que está desbloqueado meu acesso a esse feliz blógue. Ah, muleque. Pena que não me lembro o que postar agora...

domingo, janeiro 04, 2009

Bem que eu ia postar hoje... Mas estou me sentindo como o tempo no Rio de Janeiro, bem meia-bomba.

Passou o Natal, passou o Reveilão e já é Carnaval (será que alguém duvida? viveremos um mês e meio nesse período que vai culminar ali em fevereiro), existem histórias postáveis, mas devido a essa indisposição na noite de domingo... fica para depois.

Eu volto.