Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, outubro 31, 2007

E lá vou eu para a qualificação do mestrado... Vamos ver o que a banca vai falar de como anda minha pesquisa.

terça-feira, outubro 30, 2007

Eu prometo que algum dia eu começo a revisar o que escrevo...
Falando em festa...

Hoje inauguraram o tal do shopping em Bangu. Dona Glória foi. Mas muita gente também foi. A impressão que tive foi que o circo chegou na cidade... Eu mesmo deveria ter ido até lá ver. A progenitora ligou de lá pra dizer que parecia o Sambódromo em dia de desfile, ou seja, geral tinha ido dar as caras na tal do centro comercial.

Curioso ver um evento assim num bairro centenário como Bangu, nascido de uma vila operária localizada ao lado de uma fábrica de tecidos. O centro comercial vai funcionar nas antigas instalações da tal fábrica. Tenho uma visão meio azeda diante desse deslumbre acera do tal shopping. Mas, pelo que vejo, os moradores curtem a idéia de ter um centro comercial desses por aqui. Tudo bem, convenhamos que após ter nascido da vila operária Bangu se transformou em um importante referencial do comércio nesse pedaço do Rio de Janeiro, rivalizando com Campo Grande (outro bairro da zona oeste da cidade com vocação comercial. Campo Grande, se não me engano, tem dois shoppings).

Fora discursos ideológicos, parece representar na cabeça dos meus conterrâneos um tipo de afirmação pro bairro. Ainda não identifiquei bem como, mas vou continuar observando a galera pra ver se chego a alguma conclusão. Mas algo se pode notar, a referência de “desenvolvimento”. Cá pra nós, bizarro um shopping significar esse tipo de coisa, e o que levou a pensar isso foram os vários carros de som que andam pelo bairro anunciando “que o povo de Bangu agradece ao político tal pelo shopping e blá, blá, blá”. Vale registrar que todos os personagens políticos locais (desde partidos de esquerda até o partido de direita do prefeito) tentam capitalizar aquele centro comercial nas suas próprias contas. Não é nada, não é nada, representa um aumento na circulação de dinheiro no bairro (nas mãos de empresários e comerciantes), mas também um aumento nos números de empregos pros malucos que moram nos arredores. Só não dá pra saber ainda como o comércio fora do shopping, no antigo calçadão, da Avenida Cônego de Vasconcelos e dos arredores vai reagir. Quero crer que vai seguir o exemplo de Madureira, onde o comércio se virou e se mantém aberto, aparentemente, sem perder a força.
Vocação pra festa

Uma vez, vendo uma de um dos meus orientadores (antes mesmo de eu me tornar seu orientando), ouvi falar que “não é errado sermos um povo festivo”. E aí a ficha caiu. Sim, é verdade. Somos um povo festivo. Fazemos festas muito melhor que os outros. Os sisudos, chatos de galochas vão falar que fazer festa não é trabalhar. Coisa de quem nunca fez sequer uma reuniãozinha em casa. Existe coisa que dê mais trabalho do que uma festa? A diferença é que não se produz um bem material, mas um produto de outra natureza. Algo que não é paupável, mas também existe e é meio difícil explicar, as festas são feitas para produzir algo que vai viver dentro da cabeça ou, digamos de forma piegas, dentro do coração dos indivíduos. Sim! Sim! Sim! Adoro fazer parte de um povo festeiro! Ou o Réveillon, o Carnaval, o Círio de Nazaré, a Semana Farroupilha, as raves, os pagodes, os nossos churrascos nos fins de semana são o quê? Festas, ora!

Bom, essa mega e caozeira introdução é pra quê? Pra falar da escolha da Fifa pro Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014. Não vou entrar no mérito da armação que foi feita pra nação verde amarela ficar com a organização do torneio. Pq houve uns pauzinhos mexidos durante uns bons anos até acontecer a cerimônia de hoje faraônica sede da Fifa... Eu falo que a gente ainda se bate sofrendo com a história do povo festeiro. Algum bunda-suja imperialista chegou aqui e quis esculachar essa gente dizendo que aqui não se trabalha. Balela, rapá. Se trabalha e trabalha muito. Como esse povo corre atrás. Aí, talvez o mesmo bunda-suja ou, quem sabe, outro furibundo, disse que só se faz festa (e falou em tom pejorativo). Mas, na boa, quero ver onde está o erro em fazer a josta da festa. Movimenta-se a economia mesmo, é necessário melhorar a infra-estrutura e tudo mais. Ou os convidados vão ficar numa festa muito escrota.

“Ah, mas não é prioridade no Brasil fazer uma Copa”. Não é, nenhuma festa é prioritária. Eu, pessoa sempre otimista, quase um “Poliana”, acho que são obrigatórias transformações pra mostrar que essa péla-saquice de país pode receber a tal Copa. O tal do “Caderno de Encargos da Fifa” exige (ao menos está escrito) que é importante ter uma série de transformações, coisas do mesmo top das exigências pra Olimpíadas. Ok, ok, o prefeito jogou um caô que faria isso pro Pan. Ficou só no caô, o meu crédito vai por conta que o Brasil estará com a bunda na janela pra todo o mundo. Trocando em miúdos, não acho o fim do mundo que o Brasil faça a Copa de 2014.

Sim, existe um componente emocional que deve ser posto no bolo: desde 1982 eu acompanho esses eventos da televisão de casa e esse evento – se eu estiver vivo – será visto na minha própria cidade. De qualquer forma, isso não anula o argumento com o qual comecei esse poste, de que existe uma clara (e uma negada e combatida) vocação para festas desse povo que dever levada em consideração.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Segurança Pública ou só de alguns?

Há tempos eu não dou uma bela reclamada nesse blógue, né? Mas hoje vou e vou com vontade. Anteontem o secretário de Segurança Pública do Rio, o José Mariano Beltrane, disse em uma entrevista de rádio que um tiro dado em uma operação na zona sul carioca é diferente de um tiro dado na Favela da Coréia, em Senador Câmara, zona oeste do Rio, ou no Complexo do Alemão, pro lados de Bonsucesso, na zona norte. Senador Câmara é o bairro que vem logo depois de Bangu pra quem vai do Centro na direção de Santa Cruz, extremo oeste da cidade.

O secretário obviamente negou ontem com um argumento insustentável, era sua obrigação negar, mas a afirmação deixou muito clara o pensamento vigente na cidade de pobre não cidadão, de que favela pode levar bala mesmo, e daí? Quem liga? A classe média maravilhada com a violência do Bope mostrada no filme “Tropa de Elite”? Improvável.

O argumento dado por Beltrame para justificar sua afirmação do dia anterior era que existia muito mais gente morando próximo às favelas na zona sul que pelos lados do subúrbio. Será mesmo? Será que ele tem noção de quantas pessoas moram pelos arredores da Coréia? Será que ele sabe que a região de Bangu tem mais gente morando que Copacabana? E as pessoas que moram na favela e não são traficantes? O que daria algo em torno de... 90 e tantos % dos moradores? Não contam ou podem ficar em risco? E o Complexo do Alemão? São nove morros cercados por bairros de alta concentração populacional. São menos importantes que a classe média carioca? A meu ver, no mímimo, o secretário de segurança não conhece a geografia da cidade, o que é grave pro posto que ele ocupa. O gaúcho Beltrame (poderia ser amazonense, paraibano, paulista, tocantinense ou acreano, tanto faz nessa hora) deveria se inteirar sobre a área e que vai atuar.

Bom, no fim das contas, volto a dizer que afirmação do secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro só mostra a crescente direitização que vejo hoje em dia na sociedade. Direitos Humanos? Só se for pro cara da classe média. Pobre? Favelado? Com direitos humanos? Onde? No Rio de Janeiro isso soa como proteção ao tráfico.
Vi nesses dias o tão falado “Tropa de Elite”...

um bom filme, não vou negar, mas que levanta alguns temas que podem e devem ser discutidos pela sociedade. A obra parece ter sido muito bem aceita pela classe média com seu discurso “entrar e matar”. É fácil, o cara de farda preta entra com um fuzil e passa na frente da casa de um cara q mora longe dele dando tiro. Aí é mole. Mas o Bope, o Batalhão de Operações Especiais da PM Fluminense, não é a solução pra violência. Matar é fácil. Você mata uma traficante, tem um moleque desvalido do lado que vai ocupar o lugar porque ele vê ali uma forma de ascensão social rápida (pros moldes que ele tem), ele passar a ter grana e poder. Mesmo porque as mercadorias continuam chegando na favela e as armas também porque, até onde eu sei, favela não tem plantação de maconha nem de coca e muito menos local de refino. Mas ainda assim é mole defender a galera que entra lá aterrorizando que mora na favela e nada tem a ver com quem vende o preto ou o branco.

O filme não mostra, mas um dos terrores atuais da criançada que mora nessas comunidades é o famigerado Caveirão, aquele blindado que entra nas favelas com os biquinhos do lado de fora (bico, na gíria da rua, é o fuzil, já viu como eles são bicudinhos?), tocando o terror ao falar pelas suas caixas de som que está ali que os cidadãos de bem não precisam correr, que só está ali pra “buscar a alma dos vagabundos”. Parece até piada, mas eu não ia curtir ver um carro desses passando na porta da minha casa. “Ah, mas você não mora em favela”, vai dizer alguém. Não moro, mas o fato de eu não morar não vai me levar a achar maneiro que um cara que mora na mesma cidade do Rio de Janeiro que eu viva assim. E digo Rio de Janeiro porque isso existe aqui, mas se fosse em qualquer outra cidade do mundo eu falaria a mesma coisa. Um amigo, o Retratista Arruda, sangue-bom, crítico, mas que por sua origem em outra parte da cidade, tem uma visão diferente da minha, contou que a origem desses blindados foi na África do Sul durante o apartheid, para a polícia branca entrar nos cantos pobres (e negros). Não fui checar, mas dou crédito ao camarada.

O extermínio puro e simples não vai solucionar nada, só vai acentuar a ruptura que existe nessa cidade entre moradores da favela e do “asfalto”. O filme levanta a questão do financiamento do tráfico por conta da classe média que consome as paradas. Já discuti com amigos usuários que defendem a descriminalização, só pra usar o termo corrente, da venda. Dizem eles que o tráfico acaba, mas sei lá, o argumento não me emociona, se bem que o consumo de drogas é freqüente, constante e me parece inerente ao gênero humano. Mas isso cabe uma discussão que não vou me propor a ter aqui. Eu ainda acho bola fora defender que se venda em farmácia ou padaria ou sei lá onde, mesmo porque entendo que se criaria outra série de problemas.

Mas, hoje em dia, a parada é errada. É tão errada que há as práticas apontadas no filme de um hipocrisia atroz que mostre, talvez, o peso na consciência de vários setores que aquela ajuda limpa sua barra já que, mesmo inconscientemente, entende que ta fazendo cagada pra galera que mora naquele pedaço pouco assistido pelo Estado. Em lugar disso, que tal tratar com mais igualdade e respeito o favelado? Só passar a mão na cabeça e sar assistencialista ajuda nada. Só, de certa forma, afirma a diferença de “só nós podemos ajudar vocês”. Ah, e o q falar das passeatas pela paz? Olha, com todo respeito, é muito pouco provável que eu seja visto numa passeata dessas. Por quê? Não, não eu sou contra a tal paz, sou contra a hipocrisia da galera que acha uma ação sensacional ir pra rua protestar contra a violência e não move um dedo pra uma ação eficaz. A sociedade já chegou a um ponto sinistro de saturação de violência, mas não é ir pra praia com camisa branca que vai dar paz pra ninguém. Já postei sobre isso alguma vez, mas volto a postar agora, paz está nas atitudes cotidianas, em tratar bem, em não espezinhar, em não esculachar o cara que está em uma situação inferior, é não abusar dele e procurar ajudar, diminuir a distâncias. Alguns chamam de amor, outros de compreensão, eu chamo de vergonha na cara e parar com hipocrisia.

Das cópias piratas eu falo em outro hora.
Tem dias que rola uma conspiração a seu favor. Eu me preparava para ir a Uerj hoje, apresentaria um trabalho acadêmico com elementos da minha dissertação durante um evento de Cultura Popular em um dos institutos da universidade.

Ontem chovia “di cum força" na cidade e o trânsito parou. Parece que todos puseram seus carros nas ruas que também foram ocupadas pela água. A imagem do dia foi a lama escorrendo pela entrada de um dos Rebouças e interditando a via. Falamos túnel Rebouças, mas são dois túneis contínuos que ligam a zona sul (pelo Humaitá) a zona norte (pelo Rio Comprido), não é nada, não é nada, é uma ligação super importante entre essas partes da cidade, ou mesmo uma via essencial que leva a galera da zona sul ao Centro. Bom, no fim das contas foi um tremendo caos como resultado de carros e água procurando ocupar as mesmas vias, e circular com veículos automotivos pelo Rio de Janeiro se mostrou não ser a melhor opção.

Ontem também liga meu orientador, pedia uma ajuda. Ele, que está sem carro, ficaria no perrengue pra sair de casa, mesmo porque seu caminho normal seria cruzar o Rebouças pra chegar até a universidade. Ontem, sua outra orientada daria aula no seu lugar, mas ela, que não mora no Rio não poderia vir. Ele, diante de todo o perrengue urbanano ficou bolado em sair de casa, ele está sem carro, o Rebouças (que lhe serviria pra ir da Gávea à Uerj) fechado seria uma sinistra dor de cabeça. Mas existia outro fator, era aniversário da sua mulher e ele ficou com medo de não chegar a noite. Ok, não tem tempo ruim pro Vicente. Quer dizer, tem sim, mas nada que a gente não dê um jeito.

Parti pra lá de trem (porque não era bobo de ir de carro ou ônibus) e, no susto, falei um pouco da minha pesquisa pra molecada da turma dele. Carnaval, trocas culturais, escolas de samba, mídia e tal. Acho que não vou entrar na lista dos malas do ano por ontem, fui honesto com a galera que pareceu entender e uns até se interessaram. Aí, no fim da parada, toca o celular... Era o co-orientador. Sim, tenho um orientador e um co-orientador. Sou espaçoso até academicamente.... E ele me liga perguntando onde estaria eu, porque estava na hora de apresentar o meu trabalho na Semana de Cultura Popular. Ahn??? Eu, mané q sou, iria hoje na universidade, quando deveria ter ido ontem...

Tava no andar de cima da universidade, desci com aquela cara de pau que Papai do Céu deu e fui apresentar o trabalho. Não me enrolei e acho até que mandei bem. Pois é, fui fazer uma boa ação num dia caótico no Rio de Janeiro e me dei bem. É bom ser legal, parece que rola algum tipo de proteção sobrenatural quando se procura fazer algo positivo pros demais. Que bom, deu uma certa sensação de deve cumprido e até de recompensa por ter posto a cara na rua naquele dia pentelho de ontem.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Fui ao Maracanã na quarta-feira com a respectiva ver o jogo da seleção. Cinco a zero de bom tamanho, mas achei estranho. A torcida é fria, meio mole, sem força. Bonito? É bonito, mas achei que falta algo. Eu tenho a maior inveja da torcida argentina quando canta "Vamo, vamo Argentina. Vamo, vamo a ganar. Que esa barra quilombera, no te dejas, no te dejas de alentar". Aquela cançãozinha "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" fica tão sem sal, mas tão sem sal...

No dia seguinte, a quinta-feira, foi dia do Clássico dos Milhões, dia de jogarmos contra o clube do colonizador. Vitória nossa!!! Dois a um. Fiquei pensando que seria melhor ter estado junto aos meus pares rubro-negros que naquela arquibancada fria com camisa amarela. Não há dúvidas que é mais emocionante estar junto ao Flamengo.





PS: Será que alguém vai ver o bacalhau candango do Fabulino dar pinta por esse blógue?

quarta-feira, outubro 17, 2007

Ah, esse prefeito... Dia do Flamenguista? Tanta coisa pra fazer na cidade, fora da parte bacana, é claro, por onde ele tem o maior carinho... Todo dia é dia, prefeito mané. E não acho lá simpático com as os demais torcedores que não compartilham nossa paixão. Loucura é isso partir de um botafoguense como ele. Bom, ele que se entenda com as outras torcidas. Agora, deixando a razão de lado... fala sério, quem mais teria moral pra ter um dia só pra si além da maior torcida do mundo? Ah, muleque...

17/10/2007 11:31:00

Prefeito sanciona o "Dia do Flamenguista" Rio

- Nesta quarta-feira, o prefeito Cesar Maia sancionou o "Dia do Flamenguista". A data comemorativa dos rubro-negros passará a ser comemorada no dia 28 de outubro, mesma dia do padroeiro do Flamengo, São Judas Tadeu. De autoria do vereador Jorge Mauro, o "Dia do Flamenguista" passou a vigorar desde a última segunda-feira, passando assim a fazer parte do calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro.

A fonte é O Dia: http://odia.terra.com.br/especial/ataque/brasileirao2007/htm/geral_129271.asp

terça-feira, outubro 16, 2007

Caminhava já pela rua, chegava em casa e passava da meia noite. Vinha ouvindo o acústico do D2, já não lembro a música, a noite não estava exatamente fria, mas era suficiente pra eu usar um casaco preto com detalhes em vermelho. Na entrada do bairro, do outro lado da rua, na outra calçada, um sujeito, um tipo de segurança ou algo que valha o mesmo, estava sentado com a cabeça enterrada num boné, casaco jeans e três cães a seu redor. Se alguém me dissesse que o figura tinha sido buscado por zé maria eu ia acreditar tamanha tranqüilidade.

Chegando perto do sujeito, haha, a minha tanqüilidade é que se foi. Dois dos três cães levantaram numa gana, começaram a latir numa disposição de impressionar. Pior, não só latiam, vinham na minha direção com as bocas arreganhadas mostrando todos os dentes que um cachorro pode ter. Um cão mané de um lado e outro me cercando do outro lado. Estratégica sinistra, fiquei me sentindo uma caça... Eu, hein. Pensei em correr, mas do que ia adiantar? Eles iam correr atrás de mim e me mastigar. Pensei em mirar num focinho e dar aquela patada classuda bem na meiúca do nariz canino, no estilo Obina, aquele mesmo que é melhor que o Eto´o. Ia sobrar um quadrúpe antipático e eu continuaria no prejuízo.

Não parei, segui ouvindo minha musiquinha do hip hop ao samba, caminhava pensando em como me safar. Vi que o péla-saco do boné enterrado e que parecia estar morto, aquele mesmo que estava cercado pelos cães percebeu a movimentação e nem se moveu, cagou quilos situação. Não se emocionou com o pequeno drama que eu encarava. Deu vontade de dar uma xingadinha básica, mas aí a cachorrada ia vir “de bicho” pra cima de mim.

Engraçado como a cabeça da gente funciona rápido nessas horas. Eu tinha um cão no campo de visão, o outro foi pra trás de mim, por um instante me preparei pra sentir umas dentadas. Pensei “se esse mané me morder eu parto pra cima dele e só paro de chutar quando os miolos estiverem espalhados no chão”. Olhei pra trás, lá estava ele, com cara de “vou te morder, otário”.

Vendo a situação perrenguinosa em na maior covardia canina, entrei numa de dialogar, era a hora do desenrolo. Pus a minha melhor cara de mau, algo do gênero “se me morder eu te arranco o saco, cachorro” e optei pela negociação oral. Olhei praquele que estava mais perto e falei em tom audível, “tô passando!”. Fechei a cara e olhei pra frente. Torcendo pro mané-cão entender. Acho que entendeu, porque o animal ficou na dele. Eu, na minha, caminhei um pouco mais rápido. Eles pararam de latir, devem estar achando até agora que tiraram onde comigo. Haha (risada maldosa)... Depois eu pego deles de surpresa num covardia igualzinha a que fizeram comigo. Cães furibundos!
A maior torcida do mundo!!!

"Publicada em 15/10/2007 às 19h42mO Globo Online e Agência Placar

BRASÍLIA - Pesquisa Sensus divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) confirma a torcida do Flamengo como a maior do país, com 14,4% dos torcedores. As torcidas do Corinthians, 10,5%, e São Paulo, 8%, aparecem em segundo e terceiro lugar na preferência da população.

Em quarto aparece o Palmeiras com 7,2%, seguido do Vasco, com 5%. O Grêmio, vice-campeão da última Taça Libertadores, tem 3,9% dos torcedores do país, um pouco a frente de Santos (3,7%) e Cruzeiro (3,3%). Logo abaixo do clube mineiro está o Internacional (2,1%), seguido por Botafogo (1,8%), Atlético-MG (1,5%), Fluminense (1,5%) e Sport (1%). Já 28,4% das pessoas afirmaram não torcer por nenhum time de futebol".

Tá publicado no Globo.



Já ouvi "não gosto do seu blógue porque vc fala mundo de futebol e de samba". Ora, falo do meu universo cultural sem firulas. Pra que querer parecer algo que nao sou? Sou preto, pobre, suburbano, flamenguista e sambista.

E mais, faço parte dos 14% da população brasileira que, além de verde e amarelo, veste vermelho e preto.

SRN.

sexta-feira, outubro 12, 2007


12 de outubro, dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora
Aparecida. Padroeira do Brasil e desse insistente blogueiro.

Salve Nossa Senhora Aparecida quem sempre peço proteção e agradeço pela moral nas idas e vindas pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil.

Além de blogueiro, função, digamos, cotidiana, está chegando o dia de também ser romeiro. De pegar a estrada rumo a Aperecida do Norte, no Vale do Paraíba, em São Paulo, para fazer minhas orações.

quarta-feira, outubro 10, 2007

E não é que transformaram o samba em patrimônio nacional?

Tá no site do Iphan. Eis aqui o link pra página web do instituto.

No endereço tem o atalho pro dossiê - de 140 páginas - que seriu para alçar o samba a tal condição.

terça-feira, outubro 09, 2007

Eu mereço, eu mereço... Onde vai parar a minha pose de homem mau crítico da comunicação? Ok, ok... eu não assisto e não me emociono por assisitir o Biguebróder, mas minha prima fofa sul- matogrossense se candidatou pra participar. Na qualidade primo-gente boa que sempre teve carinho pela menina encho-me de cara-de-pau, sapateio no meu senso crítico e ponho aqui no meu pentelho blógue o link pro perfil a criatura. Eu perdi totalmente a vergonha na cara, vesti a carapuça de "homem massa" e fiz a social votando pra ela participar do tal programa.

Pronto. Posso ser ranzinza e reclamão, mas ninguém pode me acusar de eu ser um primo fura-olho e carrancudo.

domingo, outubro 07, 2007

Sete de outubro. Hoje seria aniversário de Dona Francisca, minha avó, que faleceu há 22 anos. A única avó que conheci, aquela que ajudou a criar o blogueiro que aqui está pra contar mais essa história. Impressionante como algumas lembranças do tempo de criança ainda insistem em viver na cabeça e no coração da gente. Naquela época eu sequer imaginava que me transformaria no sujeito que sou hoje, mas gestos, momentos passados na minha infância habitam o íntimo desse ogro blogueiro. Coisas como proteção da avó diante dos esporros dos pais ou mesmo os piques dela - já uma senhora já não tão magrinha como em outrora - com uma varinha de marmelo nas mãos atrás de moleques que acabam de fazer algo indevido. Que bom que a memória funciona nessas horas pra trazer um pouco de Dona Francisca, ou simplesmente "vó", pra perto da gente de novo... Então, antes que bata a meia noite, vale dizer "parabéns pra você, nessa data ainda querida".

sexta-feira, outubro 05, 2007


Enfim parei para registrar a ida ao jogo de ontem. Ao espetáculo de ontem no Maracanã feito pela minha torcida. O grande barato é saber que se faz parte daquele universo festivo, espontaneamente coreografado. Dezenas de milhares pessoas em uma arena cantando, empurrando onze jogadores à vitória. É um ato quase religioso, de uma transbordante e delirante energia que atinge a todos. Ontem, todo o anel das arquibancadas do estádio estava tomado em vermelho e preto.

Canto, braços, bandeiras, fogos, emoção. Tudo junto compõe algo difícil de explicar quando se está lá no meio. O indivíduo reage a impulsos, a chutes, ao subir e descer da bola que parece ser hipnotizante, estimulante, apaixonante. Mas ao mesmo tempo parece que a bola, ou aqueles que vão chutá-la na direção do gol adversário, obedecem aos estímulos desses mesmos cantos, agitar de braços e bandeiras a toda essa emoção.

Uma amiga mineira, que mora no Rio há alguns anos, diz que torce pelo Atlético-MG e pelo Botafogo, foi levada por esse blogueiro que escreve, ao Maracanã pela primeira vez. Ela havia me pedido para levá-la. Insisti em que fosse o jogo de ontem, um clássico do futebol nacional, promessa de casa cheia e, independente do time, já deixa o estádio bonito por si só. Se for a massa rubro-negra então, nem se fala. Ela e dois primos, também mineiros, estrearam nas arquibancadas do nosso maior estádio. Um primo também rubro-negro e outro, coitado, são-paulino.

Posso dizer que atleticana-botafoguense disse em primeira pessoa “agora entendo porque dizem que a torcida do Flamengo joga”. Pois é, ela entendeu porque não somos só a maior torcida do Brasil (e do mundo), mas a mais importante e participativa desse rincão verde e amarelo. Creio que não foi só ela que entendeu isso, mas também os onze adversários que estavam lá embaixo no gramado sob nossa pressão.

A impressão é que se pode ter é que a torcida tem um time para representá-la. E foi o que os onze rubro-negros fizeram ontem em campo vestindo aquele chamamos de Manto Sagrado, a camisa do Flamengo. Foi uma noite de festa, onde nosso time venceu com autoridade aquele que será mais pra frente o campeão do campeonato brasileiro de futebol. 1 a 0. E daí? Do que serviu? Serviu pra mostrar a eles que podem mandar lá fora, mas da gente não ganham. Empataram em zero conosco na capital paulista e perderam na nossa casa. Serviu também pra mostrar o que é uma torcida, que é bom, é gostoso ser torcedor, que mesmo quando seu time entra em campo estando na décima segunda colocação (e sai na décima com três pontos da vitória) vale a pena ir ao estádio se juntar à massa.

Só pra finalizar, a canção que todos saímos cantando:

Eu sempre te amarei.
Onde estiver, estarei.
Oh, meu Mengo!

Tu és time de tradição,
Raça, amor e paixão.
Oh, meu Mengo!


* Peguei a foto da camaradagem do www.flamengonet.blogspot.com.

“Aê!!! Vai sair sem pagar!!! Vai sair sem pagar!!!”. Ao ouvir tão singela frase olhei pra trás. Um senhor já bem senhor gritava, entendi que estava tirando uma de flanelinha. Mas o tipo era interessante, negro, com uma bermudinha preta até o meio das canelas e sapatos brancos. Uau. Mirei melhor o sujeito e vi que era realmente um personagem. Vestia uma bela camisa da Mocidade Independente, nossa escola de samba, com o desenho do enredo do carnaval desse ano e onde se lia DIRETORIA em letras bem grandes. Ah, e na cabeça aquele boné antigo, bem antigo, branco, muito branco compunha o clássico visual do malandro.

E a idéia do cara de tentar constranger o outro gritando pra todos ouvirem que não ia lhe dar um qualquer na saída do carro. Haha. Ah, a malandragem à moda antiga ainda existe...
Outro dia Fabulino implicava comigo por conta de feijão. O candango marrento veio me perguntar com ar de sabichão se eu sabia que existem outros feijões além do preto. Ah... Provocação, né? Disse só existia feijão preto no mundo e sustentei a posição. Ah, pra quê? O candango se encheu de moral pra me convencer que existiam outros tipos de feijão. Veja bem a polêmica que meu camarada bunda-suja de Brasília inventada. Haha, confesso que me diverti. Será que Fabulino acha q viajando pra cima e pra baixo do Brasil eu só comi feijão preto? Será que ele esqueceu que já morei pros lados da capital federal (onde o conheci) e da capital pernambucana? Não, ele só queria implicância, não contei a ele que Dona Glória faz uma linda feijoada de feijão branco. Quer implicar? A gente responde no mesmo nível. Haha.