Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, março 27, 2007

Já em casa, no meu querido bairro de Bangu, após vir da capital alagoana uma lembrança veio e é obrigatório registrá-la: hoje seu Roberto completaria 91 anos. Queria poder cantar aquele desgastado "parabéns pra você" pra ele, meu folclórico avô, mas... Pois é, mas... não dá. Fica a lembrança do figuraça que sempre me inspira para ser como sou, pra gostar de futebol, de escolas de samba e até mesmo em lidar com as pessoas da forma como faço.

Salve Seu Roberto.
Não sei quem foi, mas um bunda rachada lascou aquele olho grande no Vicente. Rapá, que perrengue, enquanto todos falam que devo estar indo pra praia e tal... fiquei até tarde na produtora que fez a parada pra gente na sexta-feira. Sábado foi quase um expediente normal, até lá pras 17h. Melhor, no mesmo sábado fui acometido por um clássico piriri. Diliça... Uma diarreiazinha básica pra alegrar meu fim de semana.

Malandro, carioca, ixcolado... (entenda-se escolado), planejei curtir a cidade no domingo. Ah, os meus planejamentos.... Choveu o dia quase todo. Fora o fato de eu não ter me recuperado do famigerado piriri.

A grande piada foi a manhã de segunda-feira: tremendo céu azul. Haha. Maceió tá me zoando, só pode ser.
Bom, é isso. Acho que a missão em Maceió foi cumprida. Em mais alguns minutos estou partindo para o aeroporto Zumbi dos Palmares pra pegar o caminho de casa. Foi mastigado, foi difícil (como sempre, pq se for fácil não tem graça mesmo), mas tá aí. Vamos para aprovação da peça na sede da empresa. A meu favor, fora a confiança no trabalho feito, os chefes da unidade já curtiram a parada.

E vamos em frente. Vamos voltar para a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, minha casa.

segunda-feira, março 19, 2007

E lá vou eu de novo....

Supostamente, às 12h20 da terça levanto vôo mais uma vez para uma viagem a trabalho. Ai, ai... É a segunda ida no ano ao nordeste. Adoro o nordeste, adoro os nordestinos, mas a ida a trabalho me deixa meio descofortável.

A cidade-destino é Maceió, onde estive no fim do ano passado. A missão é a mesma que em outras oportunidades, só espero que tudo dê certo.

Em Goiânia e em Manaus tive boas surpresas com os trabalhos realizados, tanto que pensamos em inscrever pra concorrer em prêmios de comunicação empresarial. Fica a dúvida sobre o que produziremos a partir dessa semana na capital alagoana. Rola uma certa ansiedade.

Algo engraçado é que quando digo pra onde vão logo pensam que é esquemão férias ou folga. Haha. Se soubessem os estresses que essas viagens rendem nem iam me pilhar tanto.

E, já de início, sei que não estarei no Maracanã na quarta-feira, no jogo do Flamengo contra o Paraná. Ai, ai... Ó, vida, ó azar.

domingo, março 18, 2007

Esses meus amigos... Sexta-feira chego ao trabalho, manhã normal e tal. Bia, amiga querida, vem falar comigo com uma cara de constrangimento.

"Sonhei com vc".

Pensei logo que não foi maneiro.

"Sonhei que você morreu e foi de repente".

Ui, q delícia. Bom, é certo que vou morrer mesmo. Só espero que dê pra avisar pra meu enterro não ser um fracasso de público.

Mas o grande barato do sonho de Bia foi o seguinte:

"Eu fui ao enterro e me perdi. Não achava o caminho. Aí te liguei pra vc me ajudar a chegar".

Ah, tá. Serei um morto com número de celular... Sensacional.

sexta-feira, março 16, 2007

Recebi por e-mail no trabalho, veio do Seu Paulo:

"Às vezes você chora e ninguém vê as suas lágrimas.

Às vezes você se entristece e ninguém percebe a sua tristeza.

Às vezes você sorri e ninguém percebe o seu sorriso...

Agora PEIDA pra você ver...."

quinta-feira, março 15, 2007

Um choque necessário

Dia desses foi aniversário de Jófilo, coleguinha, camarada e figuraça. Foi num restaurante árabe, ali em Copacabana. Um ambiente de jornalistas inteligente, conversando sobre coisas inteligentes, algumas molecagens, pequenas provocações.

Falamos sobre Palace II, o prédio que caiu na Barra da Tijuca há mais ou menos dez anos, aquele mesmo construído por Sérgio Naya. Falamos sobre futebol, sobre violência pública, sobre a utilização ou não do famigerado Caveirão. Alguns conversaram sobre aquelas séries que todos assistem nas tevês por assinatura e tal. Assuntos típicos do imaginário de classe média.
Noite agradável com gente agradável.

Como a parada foi em Copa, é necessário voltar para Bangu. Como? Pegando o bom e velho ônibus até o Centro e do Centro, hahaha, encarar o folclórico 393 (o famigerado Castelo-Bangu). Na Praça do Lido, ainda em Copa, peguei o um 175. Gabriel Pensador já cantou esse trajeto, da Central até... a Barra da Tijuca, só que pela orla. Ui, não acaba nunca a viagem. Bom, eu já peguei, digamos, em ponto adiantado. O coletivo estava ocupado só por trabalhadores, dos mesmos que dividem comigo os vagões dos trens. Tinha passado das 23h e a galera partia pra Central pra chegar em casa.

Vazei do 175 na Avenida Antônio Carlos, em frente a Maison de France, e ia tomar a Rua Santa Luzia até mais a frente, onde está o ponto final do 393. Rua atravessada, passei na porta da mais que centenária igreja de Santa Luzia, que viu essa cidade crescer e o mar ir se afastando de suas portas até a criação da Praça XV com constantes aterros. Uma praça em frente a igreja, só que do outro lado da rua, bem pequena e calma servia de passarela pra mim quando resolvi olhar pros lados. Havia uma árvore no meio e alguns bancos ao seu redor. Em cada banco, um senhor dormindo. Sempre o mesmo tipo físico, entre 35 e 50, negros ou mulatos, cabelos grisalhos, rosto enrugado, cobertos por folhas de papelão e com as cabeças deitadas sobre bolsas ou coisas parecidas.

Há tempos não sentia isso, foi como um choque de realidade. Algo do tipo “Vicente, a vida não é só aquilo. Isso aqui também existe, está diante dos seus olhos, é Rio de Janeiro também. Sem glamour, feio, mas faz parte da sua realidade, da sua cidade”.Ok, cabe-me agradecer pelo lembrete. Dia típico na “cidade paraíso, purgatório da beleza e do caos”.

domingo, março 11, 2007

outro dia escutei "ah, vc fala muito de samba e futebol". Sim!!! Sim!!! Sim!!! Sabe porque falo tanto de samba e de futebol? Porque sou um simples carioca-lugar-comum. O blógue é assim, eu sou assim. Sabe aquele caô do "pacote completo"? Pois é, samba e futebol estão no pacote do Vicente, não tem pra onde correr.

quinta-feira, março 08, 2007


Foi lindo. Foi lindo, lindo, lindo. É sempre bom ser campeão, é sempre bom gritar a plenos pulmões, pular rodando a camisa sobre a cabeça. É bom demais olhar pro anel do Maracanã e vê-lo praticamente todo em vermelho e preto.

Aqueles que não gostam do Flamengo ou não gostam de futebol que me desculpem, é um evento de massa sensacional, emocionante, encher os olhos. 60 mil vozes cantando em uníssono é inexplicável.

A partida foi assistida com Fabrício, meu amuleto, sempre ele. O muleque é bão. Chegamos ao estádio já tarde, ainda na fila pra passar pelas roletas ficamos sabendo que o Flamengo fizeram um a zero. Comemoramos já por lá. O resultado nos levaria pros pênaltis. Subimos a rampa correndo e fomos percorrendo o anel, ainda por fora das arquibancadas, quando alguém passou falando que já estava um a um. Sinistro, resultado que dava o título ao simpático Madureira.

Entramos pelas arquibancadas brancas, fomos correndo pra um lado e achamos dois lugares. Foi só sentar e Souza fez seu segundo gol no jogo. Dois a um. Ufa. Agora estávamos indo pros pênaltis. Fui perguntar quanto tempo tinha... Não tinha dado dez minutos de jogo e o negócio estava frenético.

Passou mais um pouco e Renato Augusto fez o terceiro. Aí já dava pra ser campeão. Foi só festa. Parecia uma grande celebração, uma grande festa.

Segundo tempo e a confirmação, ainda teve mais uma gol. 4 a 1. Uhu!

A torcida arco-íris, aquela que junta todos contra a gente ficou desbundada. Um colega de trabalho fez o favor de anunciar aos quatro ventos que iria ao estádio torcer contra, ficou me mandando mensagens de texto provocativas.... Sumiu com o tempo. Teve q se render. Pior, ainda comentou comigo depois q foi realmente lindo.


segunda-feira, março 05, 2007

O que dizer de uma obra na principal via expressa da cidade, parando totalmente uma das pistas, jogando os veículos para a outra, proporcionando ao carioca quilômetros e quilômetros de engarrafamento?

Nada. Porque ninguém diz nada. Pouco importa que o sujeito tá voltando do Centro pra Bangu, pra Guadalupe, Ricardo de Albuquerque ou Santa Cruz. Pouco importa. Tem que ficar lá, parado, esperando sua vez pra conseguir vencer o mega obstáculo e chegar em casa.

A famigerada obra rola no viaduto de Coelho Neto, lá atrás na Zona Norte. Não vai aparecer no noticiário mesmo, podem lascar a vida dos furibundos que passam ali de manhã e a noite pq não vai ter barulho algum mesmo.

Só acontece alguma coisa se acontece nas partes bacanas dessa josta de cidade. Só assim. Saco, odeio esse sectarismo geográfico, odeio essa discriminação social velada que impera nessa cidade, acho q em qualquer cidade. Bom, falo da minha, é minha realidade, meu cotidiano mesmo.

A tal da bora não é nada, não é nada... aumenta em, pelo menos, uma hora o tempo pra chegar no trabalho. Logo... a ida pode durar duas horas e meia. Pra chegar e pra voltar. Na sexta-feira a chefe me perguntou "o q tá havendo que vc tá chegando tarde?". Nem posto o q respondi.

Posso dizer quem péssima sensação de ódio tomou esse coração suburbano nessa noite de segunda-feira.

sábado, março 03, 2007

Zico de aniversário



Pôste curto esse, só um registro. Hoje, 3 de março, é aniversário do Zico. Canta parabéns aê. O Galinho tá na Turquia, mas a gente lembra dele por aqui.

quinta-feira, março 01, 2007






















Gente espirituosa é isso. O cara vai viver com a piada desenhada no corpo pro resto da vida. Nem lembro mais qual foi o furibundo que mandou a foto. Ah, e daí? O q importa é que ela tá aqui agora.
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Não entendeu? Olha mais de perto.
Hoje é anivesário do Rio de Janeiro. Canta parabéns aê.
Parabéns pra você

Diazinho movimentado, não exatamente estressante, mas o suficiente pra deixar um cansaço no fim do dia. Dona Glória ligou avisando que iria a Tijuca, aniversário de Severino, um senhor figuraça que completou 80 anos. Fui lá dar um alô, dar os parabéns e tomar o bonde de carro para Bangu.

Do alto dos meus 30 anos era o mais novo na casa, casas daquelas de vila. Por que as pessoas ganham idade e vão morar em vilas? Deve haver alguma explicação sociológica, mas eu desconheço.

Acredito que muita gente arrumaria desculpas não ir numa festa de aniversário de um idoso, mas eu não faria isso. A quantas festas dessas eu vou durante toda a minha vida? Um pequeno momento de esforço, é verdade, mas ver a alegria de um sujeito com oito décadas de vida ao ouvir algumas outras cantando parabéns é difícil medir. Em lugar de ficar cantando preferi observar sua expressão. Ver o sujeito se esforçar pra soprar suas duas velas, uma com o algarismo 8 e outra com o 0 é algo que não existe. O rosto ficou rosado como de uma criança, talvez fosse uma criança mesmo naquele momento, deu pra observa-lo olhando ao redor, talvez não acreditasse que alguém iria vê-lo no seu aniversário. Acho que deve ser isso mesmo porque já havia ouvido de sua boca que "ninguém dá importância aos velhos". Será que ninguém mesmo?

Parece-me importante mostrar pras pessoas que elas têm valor. Pequenos atos contam, fazem a diferença nessas horas. Sei lá, meio boba essa minha forma de pensar, né. Talvez meio romântica até...

Carrego uma certeza, meu estilo de vida não vai me permitir chegar a completar tantas décadas, é legal curtir quem chegou até lá. Minha impressão é que lá pelos 50 anos termina a caminhada do Vicente por aí. Talvez em lugar de um pequeno momento de doação eu esteja sendo egoísta, curtindo a velhice alheia que acredito que não chegarei a ter. Ah, sei lá.

Mas de qualquer forma, parabéns ao Severino por mais um aniversário. Que várias outras pessoas possam estar lá mais vezes pra ver o que vi nessa noite.