Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, dezembro 31, 2005

E lá vai 2005

Tava pensando nesse ano que termina hoje. Claro que coisas boas e ruins aconteceram. É assim com todo mundo, mas essa é a hora de juntar tudo de bom e ruim, jogar na balança e ver qual lado saiu mais pesado. A impressão q tenho é q o lados das coisas boas pesou mais. No âmbito pessoal, é bom dizer.

Curiosa foi a quantidade de casórios de amigos. Fui até São Paulo, ainda no primeiro semestre, pra estar no casamento da Cris gaúcha. Em junho, minha querida amiga Patrícia tb casou. Sinistro, amiga de infância casando com o Vicente sobre o altar como padrinho.... Bia e Eduardo, camaradas de trabalho, também se casaram, cada um com seu consorte. E mais Érika, que vi crescer, minha vizinha, foi a última. Será que esqueci algum outro?

Falando em ser padrinho, minha prima Verônica está grávida, trigêmeos na ára. Três! Já avisei um filho dela com Léo, esse é primo Léo, vai ser rubro-negro. Lasquei-me pro fato de ela e o marido torcerem pelo rival. Uma das crianças vai vestir vermelho e preto com tio Vicente. To nem aí pra crise familiar q isso vai gerar. Amigo Cristian alemão tb engravidou... Vivi Queridos, outra amiga de tempos de Uerj, tb encomendou sua primeira cria... Enquanto isso, prima Roberta já recebeu em casa sua encomenda trazida pela cegonha.

E lá se vai o tempo passando...

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Natal em família

Há algum tempo não faço postes, mas e daí? Vicente está aqui ‘tra vez pra contar mais historinhas. Essa coisa de Natal não me inspira muito. Não por conta do significado da tal, quando comemoramos o nascimento de Jota Cê (entenda-se Jesus Cristo). Pena q o mais se cultue é a parada de dar presente, comprar, presente, consumo. Ah, saco.

Esse ano os primos, da parte de Dona Glória, baixaram aqui. Tio, primos, filhos de primos e tal. Mó galera (ou a “móga”) baixou nesses cantos de Bangu. Crianças gremlins correndo absurdamente frenéticas pelo terraço. Dando voltas em mesas, dando cambalhotas.

Mas o melhor não veio das crianças, foi obra dos marmanjos. Seu Carlos pegou minha alfaia, aquele simpático tambor de maracatu – cuja batida lembra um singelo trovão, e o chamou de zabumba. Pó, Seu Carlos, chamar a alfaia de zabumba é judaria.

Pegaram o citado tambor, sacaram um pandeiro, pegaram meu tamborim e MALTRATARAM os ouvidos alheios com o q deveria ser algo parecido com música. O tal momento de diversão fui justo em frente a televisão que reproduzia um DVD com perna de pau, olho de vidro e cara de mau do Zeca Pagodinho...

Cara, q cena sensacional. Se tivessem me contato eu não ia acreditar. Mas eu vi. Pior, vi e ouvi.

O encontro, familiaríssimo, foi ótimo. Sabe que é bom viver esses momentos de retorno a raiz? De ver de onde a gente veio, de onde saiu a nossa essência? E ainda mais no Natal quando um ar mais solidário, mais amoroso, mais familiar mesmo que até crianças gremlins e marmanjos pilhados fazem barulho só para pentelhar tomam uma aura de coisa misteriosamente agradável e até divertido. Ainda bem q tenho família, e grande, pra viver essas coisas.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Feitiçaria de gaiato

Um grito: “Iaaaaaaaahhhh!”.

Depois, uma pequena coluna de fumaça cinza subia.

Outro grito igualmente sinistro: “Iaaaaaaaahhhh!” e um cogumelo enfumaçado voltava a subir.

Essa cena estranha acontecia em um terreno que tinha a sua frente, do outro lado da rua, uma igreja evangélica com culto em andamento.

Irmão-Léo e equipe reparavam um equipamento de telefonia em um terreno diante de uma igreja evangélica. Um dos procedimentos era uma solda química, feita com uma substância colocada sobre uma tela. O resultado era a tal coluna de fumaça. O gaiato da equipe que fazia a solda soltava o grito só de molecagem. Tudo pra simular uma suposta feitiçaria e ver que bicho ia dar. Ao fim do trabalho (e da gaiatice), Irmão-Léo contou que os sujeitos ainda ficaram com medo de uma possível sova dos caras q estavam dentro do templo.

É verdade, tremenda falta de respeito com o culto dos caras, mas uma molecagem engraçada pela improvisação do gaiato.
O mané se toca o quão mané é quando pergunta a hora e se dá conta que já está perto da 1h da manhã. A sensação de "dei mole de novo" fica maior quando a ficha cai q está no Beco da Cirrose, ainda no Centro do Rio, ali atrás da Cinelândia, conversando feliz como pinto no lixo, com o copo cheio de cerveja, só com o dinheiro da passagem no bolso e o dia seguinte e nada além q uma quinta-feira, ou seja, dia de acordar cedo...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Gaúcho? Eu?

Com todo o respeito, mas eu não tenho nada de gaúcho. Em dados momentos sou o estereótipo o suburbano carioca. Mas, lá na tal ilha paranaense ouvi a uma irônica pergunta se eu era do Rio Grande do Sul. Fala sério! Tenho uma reputação a zelar.

O motivo? Ah, na noite de sábado correu a lenda q tinha um forró. Claro que tinha q conferir. Chegando ao local onde haveria o suposto forró, nada de zabumbas e triângulos. O lugar parecia ser um pequeno restaurante dotado de um galpão à beira da praia e com um barzinho no fundo. E lá, mas lá no fundo um banheiro onde só era possível, digamos, urinar usando lanterna.

A trilha sonora? Reaggea e um tal de xote figurado. Hein???? Reza a lenda que é uma dessas coisas gauchescas que rolam a torto e a direito nos CTGs. Como é algo distante do meu universo cultural, tudo foi novidade. Olhei pros caras dançando e, abusado q sou, fui imitar os passos. E não é q deu certo? Deu tão certo q ainda tive q ouvir que se estivesse “piuchado” (ou algo parecido) me passaria por gaúcho. Ah, tenha dó da minha natureza barrista carioca... Mas tenho q confessar: foi divertido. E que a gauchada não leve a mal a gaiatice...
A prova do crime em mais uma autofoto. Olha a cara do animal em cima do prato...


Matando o barreado

Diante da manhã chuvosa de domingo, ali na Ilha do Mel, a pedida foi vazar cedo. O bonde partiu para Morretes, ali, no pé da Serra do Mar. A pedida: barreado. Puts, comi quilos de barreado. Seis pratos de barreado com farinha. Disseram q eu ia passar mal quando contei a quantidade de pratos. Bom, já é noite de terça-feira, já viajei de volta para o Rio e ainda to esperando passar mal.

"Coloca-se no fundo de uma panela de barro tiras de toucinho, pondo-se a carne gorda e magra em seguida, acompanhada dos temperos: cominho, cebola, salsa, cebolinha, alho, tomates, pimenta de cheiro e limão. Calafetam-se as bordas da panela com um goma de farinha de mandioca, prendendo-se a tampa por meio de tiras de papel. Além de tudo isso, ainda se amarra para evitar que o vapor escape. Algumas vezes o barreado se faz, colocando a panela sobre a chapa do fogão, e a fogo lento, durante toda a noite e indo pela manhã adentro até o almoço para se processar o cozimento. É servido com a colher, garfo de pau, a cuia de farinha de goma e o garrafão de cachaça de Morretes."(CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia da Alimentação no Brasil)

O Globo Rural, onde vi o tal prato paranaense pela primeira vez, em matéria de José Hamilton Ribeiro (se não me engano), tem matéria aqui.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Bom, trocando em miúdos, com quilômetros e quilômetros de areia branca, não tão macia quanto a areia fluminense, mas de uma brancura q faz lembrar, o mar verdim, verdim... Esqueci de tudo relativo a pentelhações, dores de cabeça relativas a trabalho... Vicente era uma criança feliz.

Mas amanhã eu procuro lembrar minha experiência na Ilha, como disseram q eu tinha pinta de gaúcho (logo eu, esse estereótipo do carioca-suburbano) e a experiência com o Barreado.
Brasília, Forteleza? Ahn? Mas eu não estava longe desses lugares? Sim, estava. Mas são pontos da ilha. Eu mesmo acabei ficando pelo ponto chamado de Brasília, o outro onde os turistas vão chama-se Encantadas. Vicente acabou não dando as caras na tal parte encantada dessas vez. Eu disse: dessa vez, donde conclui-se q voltarei. Quem sabem não carrego Irmão-Léo? Acho q o moleque vai ficar amarradão.


Esse foi o destino: Ilha do Mel, litoral paranaense. Bom, podem tacar pedra em mim, mas arriscaria dizer que um das poucas coisas no litoral do Paraná que valem a pena... Mas a ilha vale muito. Engraçado, escutei de várias pessoas diferentes a mesma frase: "aquele lugar é mágico". Verdade, ninguém mentiu ou exagerou.
Já na rodoviária de Curitiba...

Lembrei de ligar pra Dona Glória e avisar: “seu filho está vivo, está em Curitiba”. Dona Glória meio q ficou sem entender, mas vindo do seu progenitor nem esquentou. Só disse q estava fazendo mó sol no Rio naquela manhã de sexta-feira. O mané aqui havia vazado do Rio na noite de quinta para sexta. Ah, em Curitiba, pra variar... friozim... Mas foi só até descer pro litoral pq nesse mesmo dia ainda rolou praia...
A ida surtada para a Ilha do Mel

Quinta-feira de manhã. Vicente chegou ao escritório com a mochila nas costas sem saber ao certo para onde ia. Após ver a previsão do tempo em várias lugares (dentro de um raio de 800km) Vicente optou pelo litoral paranaense, pela Ilha do Mel. Há tempos queria ir lá e, com uma folga já negociada com a chefia para a sexta-feira, era o momento de vazar para o sul.

Na hora do almoço corri pra rodoviária, mandei a passagem para Curitiba e vlau, vazei. Tudo bem, a chefia ainda ligou algumas vezes para ajudar a desenrolar coisas com o mané aqui já dentro do ônibus rumo ao Paraná...

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Vicente, lembre-se de postar o seqüestro do banheiro químico!
O seqüestro do celular

Praia do Leme, zona sul carioca. Sol, céu limpo, praia cheia. O personagem estava sentado na areia curtindo a boa vida, a sorte de estar na cidade e ser mais um carioca por adoção. Já se achando malandro, levantou-se, cavou um buraquinho na areia, deixou chinelos, camisa e celular e correu pro mar.

Quando voltou... sentiu o perrengue. Cadê o celular? O famigerado amigo do alheio viu a ‘malandragem’ do personagem e pegou o aparelhinho que, ainda se achando malandro, correu pro orelhão mais perto e ligou pro próprio número. O amigo do alheio atendeu. Confirmou que estava com o celular. O personagem, que estou me esforçando pra não chamar de mané, tinha praticamente toda a sua agenda no tal aparelhinho. Agenda do tipo ‘essencial para existência’, com todos os contatos profissionais.

O amigo do alheio sugeriu uma troca: devolveria o celular do personagem por uma quantia módica, uns 200 reais. Negócio acertado. O personagem acertou que ia pegar o dinheiro e ficou de ligar outra vez pro próprio número.

Pegou o din-din e cumpriu o prometido. Ligou e acertou “a troca”. Iria caminhando pela praia, deixaria o dinheiro sobre um banco daqueles de concreto, sobre o calçadão e seguiria andando, sem olhar para trás. O acerto dava conta que voltaria a ligar minutos depois. Mais uma ligação para o próprio número. O amigo do alheio, sangue bom que só, disse que o personagem poderia ir andando até outro ponto, a cem metros dali, e pegar o aparelho em um orelhão. E lá foi ele... Pegou seu celular de novo, sentiu-se o ‘negociador’, teve um preju, mas e daí? Seu contatos estavam todos ali de novo e 200 reais seria uma merreca por conta do que ainda poderia conseguir por meio daqueles números.

É verdade, a história não foi inventada. Aconteceu à vera no Leme. O personagem me contou pessoalmente. Ainda me soa estranho que alguém possa ter se sentido experto a ponto de seqüestrar um aparelho de outra pessoa... mas tb me soa estranho esse apego aos telefones... ao que eles poderiam render futuramente... Sei não...

Bom, são histórias, somente histórias de uma cidade grande...
Romeiro rubro-negro
Uma vez por ano o sujeito aqui vai a Aparecida do Norte, na Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Em 2005 não seria diferente. Mas, pra ficar legal, fui com uma das camisas do Mais Querido. Agradeci a proteção da padroeira e, p q não, pelo meu querido clube ter lembrado que sabe jogar bola e sair da degola.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Por conta de coisas assim vou ver o sectário rótulo de “samba de raiz” cair. Por quê? Porque todo samba tem raiz, um ou outro pode até ser mais pop, mais estilizado, mas ainda é samba. E volto a me perguntar se o Chico Buarque faz samba de raiz? O fato de ele fazer bom samba não quer dizer que tenha raiz de sambista. Mas, como todo o respeito, Chico não faz samba de raiz e faz bom samba.

Essas cabecinhas têm que entender que samba é samba, que não adianta só cultuar os feitos no passado pq existe gente fazendo coisa boa hoje, coisa atual, com poesia, com crônica social, só que fora dos padroes que eles chamam "samba de raiz" e que, por isso, nao teria qualidade.

Tudo bem, mas algumas idas a Oswaldo Cruz dentro do trem e esse rolo estará desfeito.
Ah, Oswaldo Cruz

Já tem tempo, o Pagode do Trem partiu na sexta, da Central do Brasil. Mas o bonde de retorno à casa, no aprazível bairro de Bangu, só chegou perto das 5h do sábado. Chuva, chuva demais. Mas quem disse que a chuva não gosta de samba? Deve gostar tanto quanto eu.

E sempre me pego observando os demais, como as pessoas enxergam os subúrbios e o suburbanos. Em alguns o estranhamento fica estampado na cara, em outros já rola uma afinidade. O Pagode do Trem marca o Dia Nacional do Samba – provavelmente com a maior celebração que o ritmo que faz a trilha sonora desse país – permite que a classe média que só curte o samba ‘clean’ tocado na Lapa, ouça, veja e sinta o bom pagode suburbano, ouvindo samba sem frescuras, na palma da mão, só na percussão e no gogó.

O ego suburbano, que tem esses referenciais culturais fica todo inflado, impossível negar. É gostoso ver a gente de outros cantos do Rio e Grande Rio na ‘nossa praia’, quebrando muito do estigma de que esses cantos da cidades são lugares ruins. Não, não são. Pelo contrário, são a alma do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo q a blz das praias e relevo são o corpo que tanto encanta os olhos de todo mundo.

É verdade, tive medo que a chuva deixasse o "couro meio frouxo", mas ela caiu e até parece que curtiu. Salve a chuva q teve sua noite de sambista junto com todos em Oswaldo Cruz naquela noite.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Eu prometo!

Ainda vou postar o seqüestro do telefone celular e o seqüestro do banheiro químico.

Eu JURO que vou postar esses bagulhos.

Posso demorar, mas cumpro o q prometo.
Dia 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba. E salve o samba, patrimônio desse povo do qual faço parte.

Essa sexta é dia de ir pro Pagode do Trem. Vamos da Central pra Oswaldo Cruz. Só na base do samba. O negócio é aproveitar, virar a noite pelos palcos e rodas espalhados por aqueles cantos.

Querendo me encontrar é só dar as caras por lá. Sempre se encontra mó galera que vc não esperava.